Largar o Iron Maiden, o maior nome do heavy metal, para embarcar em uma carreira solo e gravar um álbum inspirado movimento grunge. Mais do que demonstrar coragem, o cantor inglês Bruce Dickinson buscava inovar e buscar um caminho próprio para ser chamado de seu.
Ele radicalizou em 1994 quando lançou o seu segundo isco solo (o primeiro fora do Iron Maiden), “Balls to Picasso”, que agora é relançado em nova versão e com um outro nome. Foi corajoso ao lançá-lo na épica, 31 anos atrás, e teve coragem nesta nova versão ao promover algumas alterações.
Como uma pretensa sonoridade moderna para a época, assustou os fãs ded heavy metal ao priorizar uma sonoridade suja na guitarra e canções mais curtas e diretas – exceto pela balada épica “Tears of the Dragon”.
O nome do álbum é uma homenagem ao pioneiro do cubismo, o pintor e artista plástico espanhol Pablo Picasso, cujas representações de objetos esféricos eram feitas em forma de quadrados, refletidas na capa em estilo grafite, sobre uma parede de azulejos de banheiro. O álbum desmentia seu título irreverente ao consolidar a reputação de Dickinson como um artista solo sério.
A mudança radical na carreira musical era só mais um movimento inesperado promovido por um artista inquieto que adorava se dividir, mesmo na época, entre os palcos e o comando de aeronaves, uma de suas grandes paixões.
Cantor de heavy metal, piloto de avião, radialista, historiador e aleta de esgruma, Dickinson estava sempre procurando coisas novas para fazer e para surpreender. Conseguiu seu intento com “Balls to Picasso”.
Era a sua primeira colaboração com o guitarrista e produtor americano Roy Z, e foi gravado com a banda de Z, Tribe Of Gypsies. O álbum passou por várias versões antes do lançamento e foi produzido por Shay Baby.
Regravar canções e álbuns inteiros embote riscos grandes, especialmente quando o objeto em questão é sagrado. Não é o caso de “Balls to Picasso”, mas este é um álbum importante porque retrata um período importante da vida de Dickinson e possui uma sonoridade específica.
A nova versão descaracteriza em parte a obra original. Quem desconhece a versão de 1994 poderá achar que é um novo álbum solo do cantor, com uma produção moderna e condizente com os tempos atuais. Será que essa era a intenção de Bruce Dickinson?
A sujeira grunge desapareceu, assim como a ambientação mais cru implementada por Roy Z, que foi excluído do processo de elaboração e repaginação de “Balls to Picasso”. Realmente, é uma versão bem deferente, mas que, atualizada, não é necessariamente melhor
O álbum original incluía várias faixas clássicas e favoritas dos shows ao vivo de Dickinson, incluindo os singles “Tears Of The Dragon” e “Shoot All The Clowns”, além da épica e muito querida música “Laughing In The Hiding Bush”, que era o título original do álbum.
Apesar do bom acolhimento que recebeu na época, o álbum nunca capturou totalmente a visão original de Dickinson, que era ainda mais ampla em escopo e ambição.
A nova versão do álbum, agora intitulada “More Balls To Picasso”, foi parcialmente regravada, remixada e remasterizada. Essa versão reimagina o trabalho como um lançamento fresco e contemporâneo; uma coleção vibrante, cheia de energia e ambição, com músicas primorosamente elaboradas e realizadas.
Meses antes do lançamento, Dickinson comentou em uma entrevista para uma revista inglesa que, “enquanto mixava todo o meu catálogo em Dolby Atmos, senti um desejo constante de revisitar e reinventar o disco. Então, colocar ‘mais bolas’ em Balls… foi um trabalho feito com muito amor”.
O cantor também afirmou que foram necessários ajustes e adições nesta nova versão, sendo uma forma de reforçar a pegada mais metal que ele pretendia. “Claro que reforçamos as guitarras — cortesia do nosso ‘destruidor sueco’, Philip Naslund — e também adicionamos um trabalho realmente lindo de Adassi Addasi em ‘Tears…’”.
Ele contou com a ajuda preciosa do compositor brasileiro Antonio Teoli, que contribuiu com arranjos orquestrais. “Sua participação foi única, acrescentou instrumentos indígenas da Amazônia, gravados por ele mesmo quando morava lá, no início da faixa ‘Gods Of War’.”
“Shoot All The Clowns” é uma canção repaginada que contou com as mãos de outro “brasileiro” no estúdio, o produtor norte-americano Brenda Duffey, que morou anos em São Paulo e foi fundamental para o desenvolvimento de uma sonoridade característica do metal nacional. Hoje ele votou a morar nos Estados Unidos.
“A canção conta com uma seção de metais liderada pela Berklee College of Music, e todo o álbum se beneficia da mixagem feita por Brendan Duffey (que trabalhou em “The Mandrake Project”, álbum solo do ano passado), com orientações ao longo do processo de Shay Baby, o produtor original do disco”, completa Dickinson.
Além disso, More Balls To Picasso inclui duas faixas ao vivo gravadas em estúdio, nunca antes lançadas: “Gods of War” e “Shoot All the Clowns”. O álbum estará disponível em formato de vinil duplo splatter e também em CD com embalagem digisleeve de três painéis.
“More Balls to Picasso”
1. Cyclops
2. Hell No
3. Gods of War
4. 1000 Points of Light
5. Laughing in the Hiding Bush
6. Change of Heart
7. Shoot All the Clowns
8. Fire
9. Sacred Cowboys
10. Tears of the Dragon
11. Gods of War (Live in the Studio)*
12. Shoot All the Clowns (Live in the Studio)*
* Inéditas