Em uma de suas últimas apresentações ao lado do parceiro Peter Frampton, o estupendo guitarrista e vocalista Steve Marriott anunciou a canção “Four Days Creep” no palco do Fillmore West, em San Francisco: “Esta é a primeira canção do resto de nossas vidas”, insinuando o que todo mundo já sabia: Frampton estava saindo do Humble Pie.
Marriott é uma das referências do cantor, compositor e multi-instrumentista paulista Fabiano Negri, veterano com 30 anos de rock na carreira solo e com as bandas Rei Lagarto e Dusty Old Fingers. É comovente ver e sentir a paixão com que canta canções próprias difíceis de serem interpretadas.
“The Outlaw’s Journegy” é o seu recém-lançado trabalho solo, tendo a banda bebê Diabo como apoio fantástico. É a melhor coisa quie já gravou, e olha que recentemente ele lançou ZebathY”, álbum conceitual onde mergulhou no heavy metal com resultados excelentes.
Transitando entre o hard rock, o stoner metal e o heavy metal tradicional, Negri se eserou ns vocai e conseguiu transmitir a dramaticidade necessária que as histórias e as canções pediam. Seu lamento apaixonante e desesperado deram vidaa extraordinária a canções que poderiam ser interpretadas por gente como Paul Rodgers (ex-Frees, Queen e Bad Company) e Rod Stewart d fase The Faces, além do mio Steve Marriott.
O bluesaço “Empty Heart” é fenomenal, parecendo ter sido feita por encomenda para o cantor e baixista Glenn Hughes (ex-Deep Purple e Black Sabbath, atual Black Country Communion). Parece o antídoto perfeito para a intensa e enérgica “Wiseman”, inspirada totalmente em Led Zeppelin, especialmente no belo riff principal de guitarra.
Se as referências são quase todas setentistas, a produção moderna e limpa nem de longe oferece pistas de se tratar de uma produção independente. Os timbres de guitarra são primorosos e o baixo que faz às vezes de guitarra base resgata uma tradição que parece esquecida hoje em dia.
E quem diria que, em meio ao som pesado e dramático haveria lugar para uma canção singela ao melhor estilo Southern rock, como se todos os integrantes estivessem tomados peos espíritos libertários do Lynyrd Skynyrd. “Something’s Going Wrong” é um dos pontos altos do álbum.

Claro que não poderia faltara a indefectível balada, mas ainda bem que ela não é óbvia. “Impercfetions” tem claras doses de Saxon e Uriah Heep, e funciona bem no clima bluesy que permeia o álbum. É um trabalho denso e irônico, mas menos carregado do que já gravei.
Ainda que os temas sejam mais e há certa leveza que o rock permite imprimir em álbuns dessa estirpe”, comenta Negri sobre “The Outlaw’s Journey”. O registro traz dez faixas e flerta com sonoridades que transitam entre o hard rock, o heavy metal e o blues rock, com forte influência dos anos 70, lembrando os melhores momentos de discos como “No More Tears”, de Ozzy Osbourne, e “Use Your Illusion”, do Guns N’ Roses, como acrescenta o músico.
O álbum foi gravado, mixado e masterizado no estúdio Meato, em Campinas, por Rick Parma, com arte de capa e produção por Fabiano Negri
Obra conceitual
As quatro primeiras músicas do álbum formam a chamada “The Outlaw’s Journey Suite”, uma narrativa ambientada em um mundo pós-apocalíptico, onde uma nova civilização nasce marcada por desigualdade extrema, opressão e desorganização. Neste cenário distópico, emerge Keck Spergman, um líder rebelde que inspira uma revolta contra os privilégios de uma elite que vive às custas do sofrimento alheio. A trama percorre a ascensão dessa figura, sua influência sobre os oprimidos e os ecos de sua palavra após os desdobramentos da rebelião.
A faixa “Dust And Sorrow”, quarto single extraído do álbum, lançada com um lyric video exclusivo no YouTube, abre o disco com uma sonoridade densa e sombria, trazendo à tona as influências de Black Sabbath e do Ozzy solo. Ela prepara o terreno para a jornada que se desdobra nas músicas seguintes.
A terceira faixa revelada foi “Empty Heart”, que chegou às plataformas de streaming acompanhada de um videoclipe intenso no YouTube. A canção explora a mente distorcida de um psicopata e suas conexões doentias, confundidas com amor. A produção audiovisual aprofunda ainda mais a tensão presente na música, com imagens fortes e atmosfera inquietante.
Os dois primeiros singles divulgados, “Something’s Going Wrong”, “Imperfections” já apresentavam trechos do universo lírico ácido e reflexivo de Fabiano. Em “Imperfections”, por exemplo, tem-se uma crítica a obsessão pela perfeição na internet. Já em “Something’s Going Wrong”, oferece uma perspectiva íntima sobre o desafio da convivência com seu próprio pessimismo — um desabafo pessoal e honesto dedicado à sua esposa.
No restante do álbum, letras como “Wiseman” e “Ballad of a Lazy Man” exploram o sarcasmo e a ironia de forma direta: a primeira satiriza os “especialistas de rede social”, enquanto a segunda debocha dos preguiçosos que esperam tudo cair do céu. “27”, com letra escrita pelo renomado jornalista e crítico musical Tony Monteiro, aborda o místico e trágico Clube dos 27, que reúne artistas que morreram precocemente.