“Marketing e guerrilha” às vezes costuma dar certo no meio musical. Umm lançamento surpresa causa comoção ou curiosidade e então o rastilho de pólvora se espalha. Alguns artistas têm feito uso desse expediente ao jogar músicas e álbuns sem avisar nas plataformas digitais. Na maioria das vezes os resultados agradam.
É o caso das cinco compilações que o Queen coloca no mercado sem alarde para “medir” a temperatura dos fãs em relação à banda. São coletâneas temáticas, digamos assim, que contém músicas que ressurgem com novas mixagens ou até mesmo em novas versões.
O Whitesnake fez coisa parecido anos atrás ao relançar canções com mixagens completamente diferentes, quase sempre despidas dos excessos de produção da época em que foram lançadas. Acabaram mostrando um outro Whitesnake, menos artificial e mais orgânico.
As compilações do Queen não chegam a esse nível e alteração, mas ganham um colorido diferente, com detalhes novos que chamam a atenção – tudo supervisionado pelo guitarrista Brian May e pelo baterista Roger Taylor, os integrantes originais que ainda tocam o barco – o baixista John Deacon se afastou da música quando o vocalista Freddie Mercury morreu, em 1991.
O trabalho foi feito em cima das versões remixadas e remasterizadas em 2011 pelos próprios músicos, o que garante o “selo de qualidade” que tanto a banda prezou em relação aos seus relançamentos.
“Epic”, o primeiro dos três álbuns (capa marrom) até agora liberados, privilegia as músicas que comportam uma certa suntuosidade, mas sem apelar para os hits mais óbvios. Reúne na mesma trilha coisas antigas e belas como “Father to So”, que ressurge grandiosa, e as mais recente “Made in Heaven” e “Innuendo”, dos últimos trabalhos com Mercury.
“Riffs” (capa verde), como o nome denuncia, traz dez canções baseadas em riifs de guitarra palpitantes, como a maravilhosa “Keep Yourself Alive” e a pesada ”Hammer to Fall”, além da emblemática “I’m in Love With My Car”, cantada por Roger Taylor. Tem ainda uma versão mais limpa de “Obe Vision”.
“Heavy” (capa azul) reúne alguns “rockões”, com riffs de hard rock e arranjos mais acelerados. O repertório é mais óbvio, quase todo dedicado ao começo dos anos 70, trazendo “Ogre Battle”, “Shher Heart Attack”, “Stone Cold Crazy” e a menos óbvia “White Man”.
“Anthems” (capa amarela) é interessante porque reúne clássicos incontestáveis, com “Bohemian Rhapsody”, “We Will Rock You”, “Don’t Stop Me Now”, “Save Me”, “Somebody to Love” e muitos outros.
“Pop” (capa rosa) é autoexplicativo, reunindo sucessos radiofônicos considerados mais “acessíveis”, digamos assim. É o caso de “Radio gaga”, “I Want to Break Free”, “Killer Queen” e “Friends Will Be Friends”.
Das outras quatro coletâneas – “Funk”, “Ballads”, “Slightly Mad” e “Rock ’n’ Roll” -, a última é a mais interessante, puxada pelo hit “Crazy Little Thing Called Love”, reúne as canções mais identificas com os primórdios da banda, como é o caso de “Modern Timnes Rock and Roll” , a maravilhosa “Seven Seas of Rhye”, a pesada “Rock It” e a dramática “Need Your Love Tonight”.
Foi boa a ideia do Queen de revisitar seu catálogo de forma temática a fim de oferecer uma experiência diferente a eventuais novos fãs deste século. Devido á falta de informações sobre o projeto, não é possível saber se outras compilações temáticas serão lançadas nos próximos meses.