Contraditório9, Lobão erra ao equiparar extremistas e progressistas

Lobão (esq.) no programa de Benjamim Bacj (foto: divulgação/reprodução)

Chafurdar na lama do equívoco tem sido uma constante na vida do cantor Lobão desde quase sempre, mas principalmente a parir dos anos 90, quando assumiu uma postura do Dom Quixote e comprou muitas brigas ao mesmo tempo com poucas chances de sucesso. Brigou com muitos colegas e angariou a antipatia de muita gente no mercado – ainda que estivesse com a razão em algumas (poucas) vezes.

Um de seus pontos baixos foi quando comandou um coro de xingamentos à então presidente Dilma Rousseff (2028) durante um show em São Paulo, em 2016, algo bem ruim para um artista d sua estatura.

Anos depois, teve a coragem de subir em palanques e caminhões de som do então candidato a presidente Jair Bolsonaro e candidatos diversos de estirpes autoritárias e extremistas de direita. Teve o discernimento de desembarcar dessa barca furada tempos depois, mas o estrago já estava feito..

Com novos trabalhos musicais cada vez mais raros, pouca coisa relevante tem dito em entrevistas. Na última, no podcastr/videocast Benja Me Mucho”,. Apresentado pelo cronista esportivo Benjamim Back, deveria falar de futebol contar “causos” de sua longa carreira, mas preferiu a polêmica: desdenhou de fãs de heavy metal, falou mal do Iron Maiden e reafirmou que o rock brasileiro dos anos 80 era ruim.

Tentou se esquivar de assuntos polêmicos, mas cometeu o seu maior pecado na entrevista ao criticar a “polarização política que contaminou tudo no Brasil. “A polarização tomou conta e não permite mais que as pessoas dialoguem. Predomina atualmente a cultura do ódio e da ofensa. Ninguém mais conversa.”

Ao defender um suposto diálogo, o cantor passou pano para fascista, extremista e golpista, gente que antidemocrática que queria dar golpe de Estado e assassinar adversários políticos. Deixa subentendido que os progressistas também recusam o diálogo, como se fosse possível algum entendimento com gente que flerta com o fascismo. 

Lobão apoiou esse tipo de gente e subiu em palanques bolsonaristas em 2018. Sete anos depois, quer passar a imagem de isentão, pacificador e incentivador do diálogo, mesmo tendo apoiado gente avessa à democracia que odeia o debate.

Ele busca redenção? Talvez seja bem tarde, pois o rótulo de polêmico que apoiou extremistas ainda está colado em sua face e o eventual tom moderado de seu discurso atual evidencia que a postura errática – diz detestar a política, quase a criminalizando – soa pouco convincente; Contraditório, ao pregar a necessidade de diálogo apenas mostra que ele está a passar pano para extremistas que querem tudo, menos dialogar na democracia.

Pena que as informações mais relevantes – o anúncio de um novo álbum de músicas inéditas para 2026 e seus vastos conhecimentos da história do rock, sobretudo o dos anos 70 – ficaram segundo plano. Preferiu passar pano para aprendizes de fascistas e depreciar o heavy metal.

|Algumas pérolas de Lobçao no programa:

“O heavy metal perdeu a essência negra. “Heavy Metal é como se fosse sertanejo pra mim, não tem alma.”

“O heavy metal é uma degenerescência porque ele perde toda a essência negra. Ele vira uma coisa nórdica. […] O metal, ele se torna um som branco, nórdico, absolutamente desprovido de swing, de negritude e uma fixação olímpica em si,” rápido”.

Benjamin questionou se ele gostava das bandas icônicas do gênero, como Iron Maiden e Mötley Crüe. “Mas nem pensar. Imagina. Eu sou homem fino, cara. Eu gosto de Cactos, Humble Pie. Eu sou dos anos 70, cara. Isso é um cocô do cavalo do bandido”.

“Rock in Rio é o túmulo do Rock. A música ficou em segundo neste e em outros festivais.”

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