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Bidu Sous, Ana Clemesha e Caru de Souza – As Mulheres do Blues (Cezar Fernandes)

Texto: Eugênio Martins Júnior – do blog Mannish Blog
Fotos: Cezar Fernandes e Eugênio

Sete meses após a última edição, Rio das Ostras recebe entre os dias 16 e 19 de junho de 2022 o famoso festival de jazz e blues que a colocou no mapa da música mundial.

Esse ano o evento faz parte de um circuito que inclui Búzios, Paraty, Niterói e Barra do Piraí, o Circuito Sesc Jazz.

Estou acompanhando desde Búzios porque faço a produção executiva de As Mulheres do Blues, show que criei com a ajuda das cantoras Caru de Souza, Bidu Sous, Ana Clemesha, Lancaster, Flávio Naves, Bruno Falcão e Fred Barley.

Algumas das bandas vão circular por todas as cidades, mas As Mulheres do Blues cantarão em três. Já fizemos Búzios e Paraty e, ontem, encerramos a primeira noite em Rio das Ostras, no Palco Costazul.

Também como no ano passado, vim dirigindo de Santos com uma pequena escala no Rio de Janeiro. Só que dessa vez procurei um show de blues ou jazz na quarta-feira, mas não achei. Rio de Janeiro, era véspera de feriado, cadê o som? Reage Rio de Janeiro.

Cheguei a tempo de assistir o show do Ari Borger Trio no palco da Lagoa de Iriry. Foi o mesmo show que o Ari, Marcos Klis (baixo) e Humberto Zigler (bateria) fizeram no último sábado em Paraty, baseado no disco Rock’n’Jazz, com Light My Fire, Big Chief, Come Together e só fugindo um pouco com Tim Maia.

A cozinha do Ari já é conhecida do público daqui, o Marcos e o Humberto já tocaram em Rio das Ostras com outros artistas e o Baterista é um show a parte. Gosta de solar e tem a empatia da galera de Iriry que fica ali pertinho do palco. Um a zero pro festival.

Desde que o palco da praia de Tartaruga foi extinto em 2019 a direção do festival estava procurando outro para colocar o show das 17h.

Ari Borger (FOTO: CESAR FERNANDES)

Coube ao Takuya Kuroda ser a atração que estreou o novo local, o palco Boca da Barra. Kuroda ficou conhecido por aqui quando veio como sideman da banda do José James. Músico japonês radicado em New York, dessa vez Kuroda veio com a a própria banda, fazendo um show ao mesmo tempo cabeça e dançante. 

Com uma cozinha cheia de maldade, esbanjando groove, soube fazer a plateia chacoalhar no final de tarde ensolarado de Rio das Ostras. Muita cerveja foi consumida. Inclusive pelo japa, que já tem cara de bebum.

Um pouco por conta da correria que é acompanhar todos os shows e monitorar a banda que estava na estrada, e muito por causa da idade avançada, não fui aos dois primeiros shows no palco principal, o grandão que fica no camping de Costazul.

Perdi Cida Garcia, mas cheguei na metade do show do Nelson Faria Quarteto e no meio do solo de acordeom do Chico Chagas, coisa mais linda. André Neivas (baixo), Marcos Nimrichter (piano) e Márcio bahia (bateria) completaram a gig.

Os irmãos Simi sempre colocam um show de blues no festival e dessa vez foi a vez do gaitista, guitarrista, cantor e compositor Hook Herrera se apresentar a Rio das Ostras.

De origem mexicana, Herrera vem lá da Califórnia que é mais latina do que saxã, de East San Jose, ou seja, é um Puro Mestizo.

De cara o cabeludão Herrera atacou de slide instigando os irmãos a solarem juntos com ele em blues tradicionais ao longo do show.

Quando a batida tribal de Bo Diddley soou alto nos PAs a galera gostou e eu também. Há tempos não escutava aquele som, aquela batida tribal perpetuada por Diddley, também em “Who Do You Love”. 

Os Simi Brothers são Danilo e Nicolas Simi (guitarras), Wellington Pagano (baixo) e Pedro Léo (bateria).

As Mulheres do Blues fecharam o dia subindo ao palco 1h20 da madruga com a tarefa de levantar a galera cansada e com frio. Dos três shows que acompanhei, festivais de Búzios e Paraty incluídos, o de Rio das Ostras foi o melhor das Mulheres. 

Aos poucos as peças estão assentando entre a banda e as cantoras Ana Clemesha, Bidu Sous e Caru de Souza. Let The Good Times Roll foi o primeiro petardo distribuído nas orelhas de quem resistiu e ficou até às 2h30 da madrugada gelada do dia 17 de junho. Depois vieram “Pride And Joy”, “At Last”, “The Sky is Crying”, “Move On” e outras com as três se revezando entre solo e backing vocals para cada uma brilhar ao seu tempo.