Eric Gales faz bela homenagem ao irmão ao lado de estrelas do blues

Eric Gales era mais um candidato a sucessor de Jimi Hendrix quando surgiu como um furacão no final dos anos 80 destronando o elegante guitarrista Robert Cray dentro do blues. Negro, canhoto e incendiário, ganhou destaque e capas de revista a ponto de se tornar um sério rival para Stevie Ray Vaughan.

Fundindo com brilhantismo blues, rock e soul, construiu uma carreira sólida e se tornou a referência contemporânea de blues rock, servindo como uma espécie de mentor para músicos como Jo Bonamassa, Danny Bryant e Simon McBride (hoje no Deep Purple).

Além disso, como uma espécie de decano da guitarra blues,, também virou um agregador de talentos e influências, sempre com generosidade ao acolher instrumentistas de vários calibres e oferecer seus valiosos conselhos

“A Tribute to LJK”, seu mais novo álbum, é uma síntese de todas as suas qualidades e resumo de uma carreira de quase 40 anos9. Cercou-se de amigos da pesada para fazer uma bela homenagem a Little Jimmy King, um alter ego do talentoso irmão de Eric, Manuel Gales (1964-2002), também astro da guitarra e uma das inspirações do irmão.

A lista de participações estreladas no álbum tem Buddy Guy, Christone Kingfish Ingram, Joe Bonamassa, Roosevelt Collier e Josh Smith (guitarrista e produtor de Bonmassa). É a reunião do que de melhorse faz hoje dentro do blues rock;

Se você nunca ouviu falar de Little Jimmie King, ele foi considerado um relâmpago do blues — ardente, inesquecível e que se foi cedo demais. Ele morreu repentinamente em 2002, aos 37 anos, em consequência de problemas cardíacos. Um guitarrista canhoto que tocava seu instrumento de cabeça para baixo, como seu irmão Eric e o grande Jimi Hendrix.

Em 1988, Little Jimmy King conseguiu um emprego dos sonhos tocando na banda de Albert King, onde aprimorou suas habilidades até se lançar sozinho três anos depois. Foi então que criou o Little Jimmy King & The Memphis Soul Survivors e lançou seu primeiro álbum em 1991.

Em 1994, ele estava de volta com “Something Inside of Me”, desta vez com parte da banda de Stevie Ray Vaughan como apoio. Um ano depois, ele se juntou a Eugene e Eric Gales para formar os Gales Brothers, gravando “Left Hand Brand” — uma poderosa demonstração de três guitarristas canhotos trocando farpas. Outros projetos incluíram a gravação de três álbuns de Otis Clay.

Lançado digitalmente em 29 de agosto e fisicamente em 24 de outubro pela Provogue, todas as músicas do álbum, exceto uma, são autorais de LJK. As 10 faixas misturam blues rock moderno com blues puro. A inconfundível pegada de Eric Gales lapida as canções e as enche de vigor e frescorÉ blues da melhor qualidade.

O álbum dá vida à música de Manuel – uma homenagem, sim, mas mais do que isso, uma celebração com alguns dos melhores músicos da indústria, cada um com sua conexão com LJK.

Abrindo com a voz de Danuel Gales, irmão gêmeo de Manuel, “You Shouldn’t Have Left Me” é um blues glorioso com swing, instrumentos de sopro, uma seção rítmica arrasadora e os vocais poderosos e graves de Gales, além, é claro, de sua guitarra. Os solos de guitarra aqui são tranquilos, com fraseado, timbre e pegada lindos. É uma faixa de destaque e para ser saboreada.

Em “Rockin’ Horse Ride”, Christone “Kingfish” Ingram envolve seu wah wah em solos de guitarra cintilantes, mantendo o groove — cheio de alma e sentimento, como sempre acontece com Christone. Gales assume o segundo solo e funde garra e ousadia com o blues rock.

Com Joe Bonamassa, “Don’t Wanna Go Home” é um estouro total com um groove pulsante. A letra conta a história de uma esposa que vai ficar furiosa quando ele chegar em casa depois de gastar todo o salário em uma noite com os amigos.

Do blues lento de “Something Inside of Me” ao blues rock com influências de jazz de “Baby Baby”, “A Tribute To LJK” é um álbum que você não vai largar tão cedo.

“It Takes a Whole Lot of Money (Feat. Joe Bonamassa and Josh Smith)” é outra música de blues com ritmo matador. Gales, Bonamassa e Smith se revezam nos vocais. Os backing vocals e a seção de metais espalham magia em uma ótima música com uma vibe retrô.

A música que encerra o álbum, “Somebody”, é um blues acústico com Buddy Guy e Roosevelt Collier no pedal steel. É uma canção de blues emocionante com Guy, Collier e Gales na vanguarda, tocando juntos em homenagem a Manuel Gales

A forte carga emocional é ingrediente fundamental para colocar esse trabalho como um dos mais intensos da carreira de Eric Gales. Talvez as dez faixas não sejam suficientes para mostrar o quã forte era a ligação dele com o irmão, mas certamente coloca obra entre as mais importantes do blues rock deste século.

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