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Um show de irresponsabilidade e de oportunismo. As medidas tímidas de restrição de movimentos “sugerida” pelo governo do Estado de São Paulo para tentar “combater” a explosão de novas contaminações por covid-19 jogaram, no lixo a imagem de João Doria (PSDB) como líder consciente da luta contra a pandemia que ousou tentar passar em 2020.

Quando o lockdown passa a ser mais do que necessário no Estado inteiro, quando não no país, Doria mostrou receio de “aborrecer” seus eleitores e apenas “sugere” que todo tipo de evento tenha apenas 70% da capacidade de público permitida. A exceção são os jogos de futebol do Campeonato Paulista, onde a “sugestão” se transformou em determinação.

De olho na campanha presidencial deste ano – será o candidato do PSDB à Presidência da República -, Doria descartou, de forma demagógica, medidas mais restritivas de isolamento e distanciamento social.

“A sugestão do governo do estado para os municípios é que faça redução de 30% na capacidade de público nesses eventos, mas deixa em aberto que isso fica a critério dos municípios, dependendo da situação epidemiológica dos municípios, esse percentual pode ser alterado para mais”, disse João Gabbardo, médico e integrante do comitê de saúde, em uma lamentável falta de ação subordinada a “orientações políticas”.

Enquanto artistas conscientes e com bom senso cancelam ou adiam seus espetáculos, outros aplaudem  a “decisão” inacreditável do governador. 

Diante da demagogia e do oportunismo, mesmo os prefeitos mais inclinados ao lado da ciência não terão estofo para restringir circulação e funcionamento do comércio diante da vacilação do comitê científico do governo estadual e da falta de vontade política do governador.
Infelizmente, não surpreende que tenhamos esse comportamento por parte de autoridades que se mostraram, em outros momentos, firmes e comprometidas com a ciência na luta contra a pandemia. Na verdade, o que surpreendeu foi justamente esse comportamento firme e “ousado” quando da primeira onda de contaminações, no começo de 2020.

Por isso, temos de aplaudir os dirigentes de blocos de carnaval e artistas como Frejat, jota Quest e Marisa Monte, entre muitos outros, que adiaram seus compromissos para março e abril, caso existam condições sanitárias para haja os shows.