Foi o ano em que os Beatles perderam a inocência, e o começo dessa fase, ironicamente, veio com o produto mais pop que encararam em 1965. “Help’”, o combo filme-LP, ampliava o domínio das massas pela banda e mostrava o quão dominante era a beatlemania mas sinalizava, a começar pelo nome, a mudança drástica – e necessária – que o quarteto imprimiria na carreira a partir de então.
Há 60 anos a maior e melhor de todas as bandas pedia socorro e ajuda para se salvar e oferecer ao rock e ao pop algumas das mais belas e importantes páginas da cultura ocidental.
Aparentemente, “Help!” era para ser apenas mais um hit avassalador dos Beatles, mas se tornou mais do que isso – foi o veículo para o segundo longa-metragem, desta vez ficcional, reforçando o caráter pop e o carisma inigualável do quarteto de Liverpool.
A canção, acelerada e urgente, quase pesada, tinha tudo a ver coo projeto de um filme de “sessão da tarde” da TV Globo, leve e com roteiro bobinho e nonsense, mas era na verdade um pedido sincero de ocorro d John Lennon, o guitarrista e vocalista que já se torturava entre as necessidades do negócio e a criatividade artística. Já demonstrava sinais de esgotamento por causa das exigências da beatlemania.
O filme dirigido por Richard Lester é uma aventurazinha esquecível feira adolescentes, em que os Beatles, nossa papéis deles mesmo, se tornam avo de uma seita religiosa que por causa de um anel do baterista Ringo Starr, confundindo com uma peça sagrado. De tão ruim e thrash, acabou se tornando cult e agradável como diversão.
O álbum pretendia ser a trilha sonora da fita, mas apenas o lado A do maior LP foi ocupado pelas canções da trilha. Por ser uma colcha de retalhos, é um disco bom e com boas canções, como a faixa-título, megahit mundial e atemporal, e a extraordinária e quase hard rock “Ticket to Ride”, com seu eterno riff de abertura.
O que dizer de Yesterday”, a balada por excelência de Paul McCartney que é a canção que mais versões recebeu na história o pop? E ainda tem “You’ve Got to Hide Your Love Away”, a balada de John Lennon que quase concorreu com a de Paul.
O restante do álbum pode não ter mantido o nível alto dos álbuns anteriores, revelando fadiga em todos os sentidos, mas apresenta gemas pop como a singela “I Need You”, do guitarrista George Harrison, uma tentativa de country music de McCartney, “I’ve Just Seen a Face”, trilhando o caminho de “Act nacturally”, cantada por Ringo.
Também há coisas passáveis e quase esquecíveis, como a simplória “Anothrt Girl” e a tentativa de emular a beatlmania “Tne Night Before”. “tell Me What You See” é um quase bolero que poderia ter ficado de fora, assim como a popzinha “You Lile Me Too Much”, de Harrison.
Duas canções chamam a atenção no lado B. “It’s Only Love”, cantada por Lennon, tem uma interpretação qu começa contida e lentamente revela um certo desespero.
“Dizzy Miss Lizzy”, de Larry Williams, encrra o álbum em um rock furioso e quase berrado por Lennon, com se estivesse expiando pecados e indicando que era o fim de uma fase.
E era mesmo, com Lennon se esforçando para dizer que a bealrmania estava encerrada. E isso ficaria claro seis meses depois com “Rubber Soul”, lançado em dezembro de 1965 em que a banda se mostrava mais madura e muito mudada, com o primeiro álbum da carreira só com composições dos integrantes d banda.
Uma curiosidade é que , com a liderança do produtor da banda, George Martin, o disco também foi o primeiro trabalho gravado em formato estéreo na totalidade e serviu de inspiração para o processo de gravação em vários estúdios do Reino Unido na época.