O silencio “forçado de um jornalista deum voz a uma nação inteira contra o autoritarismo e a violência estatal, quando não contra a ditadura militar. Esse mote fascinante é a linha de condução do documentário “A Vida de Vlado”, que irá ao ar pela YB Cultura, de São Paulo, às 23h do dia 25 de outubro.
Foi em 25 de outubro de 1975 que o jornalista Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, foi assassinado pelo aparato repressivo da ditadura militar brasileira. Sua morte e a repercussão mundial de repúdio foram o pontapé inicial do fim do hediondo e nojento do regime militar.
Herzog, militante dos direitos humanos e filósofo de formação, nasceu na antiga Iugoslávia e em 1937 e fugiu do país quando da invasão do país quatro anos depois pelas tropas alemãs nazistas na II Guerra Mundial.
Ele e sua família, judeus, viveram como refugiados na Itália até embarcaram para o Brasil anda na década de 1950 – portanto, sabem o que era violência, o que consolidou a sua visão humanista do mundo.
É triste, mas necessário, que o cinquentenário do assassinato tenha ganhado uma dimensão como nunca – e de forma tão inesperada – por conta dos tempos sombrios em que vivemos. Lembrar de Vlado é combater a ditadura e fortalecer a democracia, é neutralizar todo tipo de cultura golpista.
Celebrar a vida e o legado de Vlado é fortalecer a democracia e louvar a civilização, a decência humana e as ideias progressistas. Vlado morreu, mas venceu e ajudou o país a vencer e a derrubar gente execrável como Jair Bolsonaro, ex-presidente condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Os 50 anos de desaparecimento violento de Vladimir Herzog simbolizam que a resistência é fundamental em uma sociedade, e mais ainda nos tempos sombrios da atualizada, assombrada pelo fascismo em todos os níveis. Mesmo que democracia brasileira, ainda que corra riscos, mostre vitalidade, é importante que lembrança do assassinato se torne um marcos histórico importantíssimo pra que nunca mais volte a acontecer.
Só que existe um próximo passo, ainda muito difícil: identificar de forma direta e oficial os responsáveis pelos crimes da ditadura, como o assassinato de Vlado, seja por Justiça, seja por vingança, seja por justiça.
O espírito de Vlado está presente em todos os artistas que bradam contra o autoritarismo, o extremismo, o fascismo, como Ira!, Titãs, Paralamas do Sucesso,. Ratos de Porão, Garotos Podres, Surra, Manger Cadavre?, Black Pantera, Eskröta, Cryp9ta, Nervosa e tantos outros artistas importantes do rock.
Não à pacificação que, infelizmente, virou sinônimo de impunidade. Sem anistia! Sem perdão! Jamais esqueceremos!