Mais e melhor na nova versão de ‘Fair Warning’, o melhor álbum do Van Halen


A festa tinha acabado? Pouca gente entendeu quando o Van Halen veio mais concentrado e diferente em seu quarto LP, “Fair Warning”, em 1981. Banda consolidada e com Eddie Van Halen reconhecido como gênio da guitarra0. O que mostraria de novidade em momento crucial?

Simples: o melhor álbum da banda até hoje, por mais que tenha causando estranheza na época. “Fair Warnng” não tem grandes hits, mas tem canções enormes, clássicas, que revelam o que de melhor essa banda americana fez no rock.

A obra acaba de ser relançada com nova formatação, remixada e remasterizada. De forma icônica, foi o escolhido para iniciar uma série de relançamentos – com atraso, é verdade, já que o cinquentenário da banda já passou.

O álbum contém dois grandes hinos, “Unchained” e “Mean Streets”, onde a guitarra é simplesmente soberba, mostrando como a banda tinha evoluído em apenas três anos desde a estreia em LP.

Mas por que a festa tinha acabado? Por que banda cresceu em todos os sentidos. Havia ainda a luz e certa zoeira, mas a evolução era nítida, e foi muito rápida. Havia uma certa sombra em relação a alguns temas, com mais sarcasmo e ironia. Ainda era um grupo feliz e com vontade de tocar, mas o sorriso no rosto era demoníaco. Era uma banda cada vez mais ferina.

Não se sabe o motivo, mas “Fair Warning” frequentemente é esquecido — em parte porque é uma “fera sombria” e estranha, em parte porque não tem nenhuma música tão puramente divertida quanto os sucessos dos três primeiros discos.

Van Halen e sua formação clássica (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Muitos fãs esperavam e exigiam canções bombásticas como “And the Cradle Will Rock”, que abre o álbum anterior, “Women and Children First”. Quando ouviram o que veio, com músicas mais elaboradas e uma abordagem um pouco mais séria, muitas interrogações surgiram. Mas o quarteto seguiu em frente.

Ok, “Fair Warning” não é tão divertido quanto os anteriores, mas talvez seja por isso que o disco seja excelente. Pode ser sombria, mas não é monótona, e contém algumas das músicas mais ferozes e pesadas que o Van Halen já fez.

Não há dúvida de que Eddie Van Halen venceu quaisquer conflitos internos que eles tiveram – e já eram muitos na época -, pois sua guitarra domina este disco, mesmo com a falta de um único instrumental dedicado, algo como “Eruption” (a primeira vez que ele não teve um em um álbum da Van Halen).
Eddie soa inquieto aqui, empurrando e puxando o grupo em direção a diferentes ritmos e texturas, da batida que pulsa em “Push Comes to Shove” aos ritmos suingados em “So This Is Love?”, esta a mais festiva do trabalho.

Os sintetizadores soturnos e sombrios, que se tornariam obrigatórios nos discos da banda a partir de “1964”, lançado naquele ano, 9são um sinal claro de evolução e arrojo, como em l “Sunday Afternoon in the Park” e o rock de encerramento, sujo e pegajoso, “One Foot Out the Door”.



E, é claro, coroando o trabalho excepcional, a melhor canção já composta e gravada pelo Van Halen, “Hear About It Later”, com sua introdução perfeita, refrão genial e riff clássico de hard rock. Era a banda formatando o que seria o rock pesado californiano três anos depois.

O vocalista David Lee Roth consegue se equiparar como destaque com Eddie, pois “Fair Warning” é o seu melhor trabalho vocal em estúdio. Merece entrar para história somente por “Mean Street, “Unchained” e “Hear about It Later”.

Outro ponto alto: Van Halen e o produtor Ted Templeman recorreram a amplificadores de estúdio para direcionar o som. O conjunto também empregou overdubs com grande efeito. O resultado: uma arquitetura densa que ganha vida como nunca antes nesta reedição de referência.

É impossível melhorar o que é perfeito, mas essa versão renova prazer de ouvir novamente o melhor disco do Van Halen.


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