Motorhead, 50 anos: o rock mais violento e agressivo que já existiu


Os americanos estavam se acostumando com aquele som mais pesado e uma certa agressividade, seja com o Grand Funk Railroad ou com Iggy Pop, The Stooges e MC5 – era o começo do que viria a ser o punk rock. E então uma banda inglesa suja e desrespeitosa decidiu mostrar o que era som violento e agressivo – com toda a raiva do mundo de um guitarrista e baixista frustrado.

Ian “Lemmy” Kilminster estava fora do grupo de hard progressivo Hawkwind e queria à forra: já tinha 30 anos de idade e via toda uma geração de músicos mais novos e menos talentosos fazer sucesso com um rock domesticado e pronto para agradar ao mercado menos tolerante a novidades. Lemmy queria quevrar tudo.

O Motorhead surgiu naquele ano de 1975 para mostrar que era possível ser agressivo e violento tocando um blues acelerado e um rock rápido, mas reverente aos pioneiros do rockabilly. Entretanto, ninguém estava preparado para pancadaria sonora que o baixo ultradistorcido de Lemmy e para a sujeira dos guitarristas que se sucederam até que Fast Eddie Clarke se encaixou. O trio de Lemmy era, até então, a coisa mais pesada e violenta já surgida no rcok.

Enquanto o heavy metal como o conhecemos hoje estava sendo gestado, ninguém conseguia rotular o Motorhead, que acabou no balaio dos punks, para imensa irritação de Çemmy. Ele até valorizava a rebeldia e a afronta dos punks ingleses, mas deplorava o desleixo e a falta de técnica para tocar. Lemmy queria tocar alto e violento, mas queria tocar bem.

Nos 50 anos de surgimento do Motorhead, é urgente ressaltar a importância do trio dentro do rock pesado e de como moldou uma postura dentro de um movimento que um pouco mais tarde, nos anos 80, ficou conhecido como a Nova Onda do Heavy Metal Britânico. Judas Priest, Iron Maiden e Saxon são as pontas de lança dos primórdios do metal inglês, mas o Motorhead é a primeira cara do som violento do rock pesado.

A partir de 1980, com o álbum “Ace of Spades”, o trio estourou e se tornou um nome gigante do heavy metal mundial. Referência total para todo o rock pesado que veio em seguida, o Motorhead conseguiu reunir em sua trajetória todo o que o rock estava perdendo e perdeu nas últimas três décadas: a capacidade de confrontar, a rebeldia e agressividade e aas múltiplas maneiras de incomodar.

Faz dez anos que o trio acabou após a morte de Lemmy, aos 70 anos de idade. O clichê aqui é perfeitamente cabível: jamais haverá algo perto do que foi o Motorhead, seja em impacto musical seja em agressividade e violência. O buraco deixado há dez anos é profundo e imensa.

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