Neil Young 80 anos: cada vez mais relevante e necessário

Neil Young (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Aquele canadense boa praça, de personalidade forte, tinha chamado a atenção por conta de suas canções muito boas e letras corrosivas, mas ainda era visto como um cantor de folk rock tradicional, um bardo qu tinha uma passagem pela banda de rock interessante Buffalo Springfield.

A visão tinha sido reforçada pela participação no quarteto Crosby, Stills, Nash & Young e, de repente, o FBI, a polícia federal americana, teve de ficar de olho nele por conta da canção “Ohio”. Neil Young, guitarrista e cantor, mergulhava fundo na música engajada ao protestar contra a morte de quatro jovens em um protesto contra a Guerra do Vietnã na Universidade de Ohio após confronto com a polícia.

E foi aí que o grande público descobriu na poesia engajada e de extrema qualidade do artista canadense, principalmente na longa suíte “Cortez,The Killer”, uma ode contra o genocídio de indígenas e povos originários promovido pelos espanhóis na américa no século XVI.

Aos80 anos de idade, Neil Young faz parte da seleta lista d astros veteranos do rock clássico que fica a cada ano e lançamento cada vez maior e mais relevante- são dois novos álbuns lançados neste começo de 2025. Se Eric Clapton, com a mesma idade, tem de se debater entre a sua inegável relevância histórica e sua rede de polêmicas negacionistas e racistas, Young se movimenta com a credibilidade e a integridade intactas

“My, My, Hey, Hey” e “Keep on Rockin’ on a Free World” continuam como hinos eternos, mas a obra do músico canadense é extensa e multifacetada, mesclando fúria, agressividade, delicadeza e sutileza., Rmbora faça questão de dizer que integridade não é o foco de sua atuação, ela é parte integrante de sua carreira, a ponto de ser mencionada quando foi agraciado com a indicação ao Rock and Roll Hall of Fame.

Depreciadores vão alagar que o country folk rock de Young é datado e eu perde em relevância para grandes nomes do cancioneiro norte-americano. Puro despeito. O seu gigantismo é inquestionável. por mais que seu engajamento social e político ainda cause náuseas a certos circuitos políticos conservadores da América. E ele continua colocando o dedo nas feridas.

Young anda mais manso? Até certo ponto. Seu lado cronista tem se sobressaído nos últimos tempos, mas os shows ainda continuam incendiários e com alta voltagem. Desnecessário dizer que é um dos símbolos do nosso tempo, uma voz fundamental e definitiva da arte ocidental em que qualidade, ativismo, engajamento e beleza se fundem e confundem, bem ao gosto do público que aprendeu a consumir rock e música popular de alto nível.

Compartilhe...