As circunstâncias políticas reabilitaram o rock como força cria tica e econômica em festivais de grande porte. Em feliz coincidência, o punk dominou o dia do rock no festival The Town, no autódromo d Interlagos, em São Paulo, e as bandas brasileiras aproveitaram da melhor forma possível, com shows fortes, pesados e altamente politizados. O rock vive e está furioso.
Supla & Os Punks de Boutuique repetiram a parceria nos estúdios com Os Inocentes e fizeram uma apresentação surpreendente, repleta de energia e mito alto astral. Perfeitos para começar o dia, desfilaram 40 anos de história de punk rock e mostraram qual seria a tônica do dia. Imposs ível ficar indiferente.
O show mais pesado, não poderia deixar de ser, doi o do quarteto Ready to Be Hated, banda de power metal formado por ex-integrantes de Angra e Shaman; Apesar dos músicos consagrados, ainda é pouco conhecida e despertou mais curiosidade do que interesse. Ainda assim, o quarteto foi bem, por mais que estivesse deslocado.
As três atrações principais nacionais aproveitaram para reforçar uma imagem de roc forte e jovial, mesmo que seus repertórios fossem nostálgicos. Ok, havia hits às pencas nos shows de Capital Inicial, COM 22 e Pitty, veteranos dos palcos nacionais, mas não se contentaram em fazer o básico por mais que tocassem com o “jogo ganho”.
O Capital Inicial tinha a reocupação de ocar de dia, no meio da tarde, algo que raramente ocorria com a banda. As preocupações acabaram no momento em que subiam ao palco.
Fizeram um show seguro e eficiente, embora mais punk do que o normal. Não inovaram e nem recorreram a surpresas, mas foram felizes ao transformar “Que País É Esse?”, da Legião Urbana, em um hit muito mais político do que já era. Saíram ovacionados.
Correndo por fora, CPM 22 comemorava 30 anos de carreira e fez a melhor apresentação entre os artistas nacionais. Pouco importou se as canções românticas pueris quase não falam sentido hoje e menos ainda no som de uma banda de cinquentões.
O grupo desfruta de um fenômeno associado ao Charlie Brown Jr, que é o de oferecer um repertório adolescente que tem sido apropriado por gerações há três décadas.
Suas canções simplórias e juvenis continuam tendo apelo à garotada cada vez mais digitalizada, fazendo com que as canções s
Trilhem o caminho da eternidade, assim, como “Meu Erro”, dos Paralamas do Sucesso, quase irreconhecível ao ser tocada com muita velocidade e mais peso. A enorme legião de fãs do emo que cantou todas as músicas da 9bamnda em, Interlagos explica ao sucesso do revival do subgênero desde 2023.
Pitty fez a apresentação mais emocionada. Bem relaxada e extasiada com maciça presença de seus fãs, fez um apanhado da carreira e celebrou 25 ans de carreira solo com uma postura mais roqueira do que o habitual.
Ensaiando mudanças de direcionamento musical a partir de 2026, a cantora baiana pareci estar se despedindo do gênero que a tornou relevante no cenário nacional, “Admirável Chip Novo” e “teto de Vidro” surgiram amis pesadas e “Me Adora”, com forte conteúdo emocional. Ganhou ares épicos em versão estendida. Saiu consagrada.
Em meio a um mar de atrações questionáveis do pop, do rap, d hip-hop e outros gêneros, o rock provou que pode tranquilamente segurar mais um dia inteiro em The Town.