O mergulho pop dos guitarristas Felipe Machado e Hugo Mariutti

Rodrigo Cerveira (esq.) e Felipe machado FORMAM O sILVER (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 Marcelo Moreira

Rock pesado e música pop habitavam mundos apartados nos anos 80 e 90 a ponto de ser pecado mortal um metaleiro ousar dizer que ouvia bandas mais “acessíveis” – se admitisse gostar, corria o risco de ser linchado. Só que a maioria ouvia escondido e gostava de forma influenciar suas carreiras.

Eram poucos os que falavam abertamente que gostavam de música pop, como o cantor Thiago Bianchi (ex-Shaman e atual Noturnall e karma), tanto que gravou música e clipe de “Woman n Chain”, de Tears For Fears, com o Noturbnall, em versão magnífica.

Outros não só admitem gostar e sofrer influência como deixaram um pouco o metal de ado para fazer música de inspiração pop em outros trabalhos, como Felipe Machado, guitarrista do Viper, e Hugo Mariutti, que foi guitarrista do Shaman e da banda de André Matos (ex-Anfra e Shaman).

Machado, único membro fundador ainda no Viperm, banda que completa 40 anos, gravou um álbum solo anos atrás com muita influência do pop rock oitentista e agora mantém um projeto paralelo, o Silver, onde explora outras sonoridades ao lado do cantor Rodrigo Cerveira.

A dupla lançou recentemente dois singles em que exploram toda essa sonoridade diferente do eixo que fez a fama de machado. Predomina o bom gosto e a simplicidade, como na ótima balada “Love Is Rage”, que tem um ótimo trabalho de guitarras e a participação de Giovanna Cerveira em dueto com o pai Rodrigo.

“Turn Around” é mais roqueira, remetendo a m período mais grunge d carreira de Machado – quando o Viper gravou “Coma Rage”, em 1993. É uma canção forte em que as guitarras também ganham destaque, com solos ao estilo Slash, dos Guns N’ Roses. É algo bem diferente do que o guitarrista do Viper sempre fez. As duas canções estarão no EP “Turn Around”, que sai ainda neste ano.

Hugo Mariutti (FOTO: DIVULGAÇÃO)

“A balada nasceu da perspectiva do amor como um sentimento que carrega várias emoções”, afirma Rodrigo Cerveira no material de divulgação. “Amor é força. A mais poderosa da humanidade na minha opinião e, por isso, carregada de emoções: simples, complexas, frias, quentes.”

Além da experiência com o o álbum, “FM Solo”, Machado experimentou a música pop quando o Vipér fez uma mudança radical, em 1996, ao trocar o rock pesado pelo pop rocm em português. Era o álbum “Tem Pra Todo Mundo”, que não foi muito bem recebido. Neste mês de julho, a banda revisitou o trabalho e o relançou com partes de músicas regravadas e instrumental adicional;

Hugo Mariutti, mais novo, tem como referências as bandas inglesas do britpop dos anos 90, como ficou patente em seu primeiro trabalho solo, mas agora ele também resgata sons dos anos 80 em seu novo single, “Heaven”, com uma batida mais sincopada e arranjos eletrônicos e dançantes. É o primeiro som de seu próximo trabalho solo, “Thiis Must Be Wrong”.

Um dos instrumentistas mais originais de sua geração, Mariutti de revelou ótimo compositor e um guitarrista inovador ao combinar seus timbres cristalinos com arranjos que não são costumeiros no rock – e nunca teve medo de experimentar e brincar com sonoridades facilmente reconhecidas em trabalhos dde Oasis, Blur, Verve, Stoone Roses, Happy Mondays e outras bandas britânicas.

“Essa música foi a primeira que escrevi para o novo projeto”, revela Mariutti. “Lembro que gravei a melodia do refrão no celular e no mesmo dia já tinha ela inteira. É uma canção bem inspirada nas bandas inglesas de synth pop da década de 80, porém tentei colocar uma sonoridade mais atual nela”.

Em conversa com o Combate Rock há alguns anos, ele já adiantava essa tendência e mostrava o tamanho do impacto que a música pop teve em sua formação. “Sempre= foi um cenário rico em que havia muitos detalhes interessantes e muito bom gosto nas escolhas. Gosto de muitas coisas fora do rock pesado e meu trabalho solo demonstra isso.”

Assim como já havia feito em trabalhos anteriores, Mariutti tocou todos os instrumentos, menos a bateria, a cargo de Edu Cominato (Spektra). Para o álbum, ele deverá repetir esse mesmo esquema.

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