Savoy Brown, 60 anos: blues rock inglês em seu estado mais puro

Kim Simmonds, a alma do Savoy Brown (foto: reprodução)

Marcelo Moreira

O blues britânico costuma ser reverenciado principalmente pelo surgimento do furacão Cream, que tinha o guitarrista Eric Clapton em seu esplendor. Durou apenas dois nos e foi a mais esplendorosa band da chamada quina de ouro dos grupos de blues que encantaram a Europa no fim dos anos 60 – além de Cream, eram amados John Mayall & Bluesbrekers, Fleetwood mac, Ten Yeras After e Savoy Brown.

Delas, a menos aclamada e mais underground era a última. Savoy Brown foi criada há 60 anos e fazia a perfeita síntese do blues rock antes mesmo do estouro do Ten Years After, do ás d guitarra Alvin Lee (1944-2013). O líder era outro ás a guitarra, tão bom e incandescente quanto Lee: Kim Simmonds (1947-2922).

A história do Savoy Brown se confunde com a carreira de Simmonds, que esteve em todas as formações d banda desde que ea se profissionalizou. A importância dele era tão grande e gente do memo quilate, como Mick Taylor (John Mayall e Rolling Stones) e Peter Green (Fleetwood Mac, 1947-2020) considerarem sua guitarra como “sinônimo de blues” na Inglaterra.

O equilíbrio entre peso e melodia do Savoy Brown definiu o subgênero blues rock no Reino Unido, d mesma forma qe Ten Years After alcançava a mesma primazia. Alvin Lee era veloz e altamente técnico e Simmnds, puro feeling.

Kim Simmonds sempre foi considerado um músico subestimado, ao mesmo tempo que tinha a fama de teimoso. Colocou na cabeça que faria blues até o fim da vida e que carregaria nas costas o sagrado nome Savoy Brown, a banda que simbolizou desde o inicio a fusão entre o blues e o rock de forma visceral.

Se não virou astro, atraiu o respeito e a reverência dos maiores, como Peter Green, Eric Clapton, Jimi Hendrix, Rory Gallagher e mais uma fila imensa de admiradores famosos.

Era um estilista, daqueles capazes de fazer solos memoráveis e de conduzir uma banda apenas com uma nota extraída de sua guitarra intensa e vigorosa.

Com o Savoy Brow traçou uma trajetória invejável de 57 anos de magia a ponto de ofuscar, em alguns momentos, os Bluesbreakers do venerável John Mayall, o criador do blues moderno inglês que morreu em 2023 aos 90 anos..

Uma ds formações do Savoy Brown no final dos anos 60 (foto: divulgação)

Simmonds sabia tocar pesado, mas preferia a intensidade e o suor, levando o blues ao seu limite. Jovem prodígio, mirava gente como Peter Green, do Fleetwood Mac, antes mesmo do surgimento desta banda. Eram garotos que chamavam a atenção pela habilidade e pelo feeling.

Dizem que foi cotado para substituir Eric Clapton na banda John Mayall, em 1966, posto que acabou nas mãos do “rival” Green. Ele nunca confirmou essa história. Com o seu Savoy Brown, criado em 1965, ele dizia que tinha tudo o que precisava para fazer o seu blues.

Enquanto Rolling Stones e Cream brilhavam ao lado de Jimi Hendrix, o Savoy Brown virava lenda no Underground londrino, em uma competição ferrenha pelos corações do puristas com o Fleetwood Mac.

Teimoso ou não, fazia questão de elevar o nome Savoy Brown em todas as circunstâncias. O sucesso quase veio nos anos 70, mas alguma coisa sempre barrava a ascensão. A sequência de álbuns bons foi avassaladora, mas as músicas não tocavam no rádio. Não eram comerciais e soavam “datadas”.

O guitarrista não se importou e continuou fazendo a música que amava e tornou o seu Savoy Brown uma banda das mais adoradas nos pubs britânicos e também da Bélgica, França, Holanda e Alemanha.

Há quem diga que a banda teve quase tantas formações diferentes quanto o brasileiro Made in Brazil. Isso nunca importou muito. Savoy Brown era um estado de espírito e Simmonds sempre fez questão de demonstrar isso.

Alguns de seus discos a partir dos anos 90 saíram apenas com o seu nome, ou então creditado a Kim Simmonds’ Savoy Brown. Para ele tanto fazia. Eram figuras indissociáveis e associadas ao melhor blues que se podia fazer e sentir.

O álbum mais recente do Savoy Brown é “Taking the Blues Back Home” de 2020, que é o início de uma série de álbuns que pretendiam homenagear o próprio blues a partir de canções inéditas e versões de clássicos do blues inglês.5 A morte de Simmonds carregou o Savoy Brown sepultura.

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