Marcelo Moreira
Os “baderneiros” venceram e vão continuar – ao menos por mais algum tempo. A Justiça atendeu a um pedido dos artistas e entidades culturais da cidade e impediu que o teatro do Contêiner Mumgunzá será fechado e retirado à força do local onde está, no centro de São Paulo.
A prefeitura da capital, comandada por Ricardo Nunes (MDB), proprietária do terreno, alega que quer transferir o equipamento para outra área para construir moradias populares na área. O vice-prefeito, Coronel Mello, por outro lado, sem muita convicção, diz que a área será de um futuro parque.
O teatro está no centro de mais uma batalha dentro da guerra cultural empreendida pela prefeitura contra as artes e o conhecimento, “infestadas por esquerdistas”, como verbalizaram pelo menos três vereadores que apoiam Nunes na Câmara Municipal,
O Teatro do Contêiner é um respiro de civilidade e esperança em um local muito próximo da Cracolândia e se tornou referência cultural e de resistência na cidade de São Paulo, além de realizar trabalhos importantes de cunho social no entorno.
A Justiça uma liminar(decisão provisória), na noite de quinta-feira (21), que garante a permanência do Teatro de Contêiner Mungunzá e do Coletivo Tem Sentimento no imóvel que pertence à Prefeitura de São Paulo pelo prazo mínimo de 180 dias. A decisão ainda impede ações de desocupação e incursões da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e outros órgãos da prefeitura.
Irado, o secretário municipal de Cultura, Totó Parente, escreveu um artigo no jornal Folha de S. Paulo criticando a resistência dos gestores dpo teatro afirmando que ele “amam a cultura, mas mas acultura da baderna”.
Alvos de ordem de despejo, os coletivos ocupam um terreno localizado entre as ruas General Couto Magalhães, dos Gusmões e dos Protestantes, onde ficava o “fluxo” da Cracolândia, na região central de São Paulo.
Na decisão, a juíza Nandra Martins Da Silva Machado justifica que o teatro é composto por 15 estruturas de contêineres marítimos interligados, paredes de vidro, cobertura acústica, iluminação, além de um acervo artístico e cultural. Por isso, a preservação dos bens exige “planejamento técnico e logístico para sua desmontagem, transporte e reestruturação”. A prefeitura pretende recorrer da decisão.
Longa pendenga
Com amplo apoio popular, o teatro do Contêiner Mingunzá resiste desde o ano passado às ionvestidas da prefeitura. Houve algumas tentativas de negociação, mas todas fracassaram.
A prefeitura informa que pretende revitalizar o local, mas não apresentou estudos para comprovar planos para a área. Os artistas dizem que a administração municipal apresentou alternativas inaceitáveis de mudança e que está incomodada por causa da importância social que adquiriu em contraposição a uma “política de nenhuma valorização do ser humano na área da Cracolândia”.
A vitória é temporária e vai demandar uma luta ainda mais intensa para confrontar a prefeitura em mais um capítulo da guerra cultural contra as forças progressistas da cidade.