O guitarrista mais rápido de todo os tempos. O rótulo pegou a tal ponto que o inglês Alvin Lee começou a se irritar todas as vezes que lia isso nas revistas por todo o mundo. “É injusto reduzir a minha carreira a isso”, reclamou certa vez quando esteve para tocar no Brasil, em sua única passagem por aqui, nos anos 90.
Lee foi um dos pioneiros do blues rock e se notabilizou pelos solos incendiários com suas mágicas composições com a banda Tem Years After, É blues na veia, mas o rótulo permanece mesmo depois de 12 anos de sua morte.
Então nada melhor do que apreciar o trabalho da banda e do guitarrista com a edição de luxo do álbum “Ssssh”, de 1969, um discaço – uma edição que 0hjega com um ano e atraso, pois deveria ter saído no ano passado para celebrar os 55 anos álbum, e os 80 de nascimento de Alvin Lee.
Tem Years After se destacava das bandas de blues inglesas pela ferocidade com que tocava e pela extrema reverência ao blues eletrificado. E, é lógico, a sonoridade única da guitarra de Lee, impossível de ser copiado e reproduzido. É uma banda que destoa muito d concorrência da época – Cream, John Mayall and Bluesbrakers, Canned Heat, Fleetwood Mac e tantas outras.
Apresentando a mixagem original de 1969, o álbum também foi remixado por Charlie Russell a partir das fitas multitrack originais de 1/4″, enquanto o terceiro disco contém uma gravação ao vivo recém-descoberta dos arquivos da rádio finlandesa da impressionante apresentação da banda no Kulttuuritalo Hall em Helsinque, na Finlândia, em 3 de dezembro de 1969, gravada apenas alguns meses após a apresentação que mudaria a carreira da banda em Woodstock.
“Ssssh” foi o novo lançamento do Ten Years After na época de sua apresentação incendiária no Festival de Woodstock em agosto de 1969. Como resultado, foi seu primeiro álbum de sucesso nos Estados Unidos, chegando ao 20º lugar em setembro daquele ano.
Esta gravação é uma introdução ao blues rock britânico da época, mostrando a pirotecnia da guitarra de Alvin Lee e seção rítmica propulsiva da banda.
Como na maioria dos trabalhos do Tem Years After,, as letras eram descartáveis, mas a música era ótima. O álbum inclui uma longa versão de “Good Morning Little Schoolgirl”, de Sonny Boy Williamson, com letras retrabalhadas que deixam poucas dúvidas sobre o que o cantor tinha em mente para a personagem principal.
Também está incluída uma canção de blues de 12 compassos com o título genérico perfeito para o gênero: “I Woke Up This Morning”. Ssssh marcou o início de um período de dois anos de popularidade da banda nas paradas de álbuns dos EUA e na cena underground das rádios FM.
Nome crucial do rock
Os admiradores diziam que ele era como o “deus” Eric Clapton ao desfilar seu blues mágico. Os detratores diziam que aquilo não era música, era circo – tudo porque o guitarrista habilidoso Alvin Lee era considerado o mais rápido do mundo.
Naquele ano de 1967 de muitas novidades e inovações no rock, a banda Tem Years After surgia como a coisa mais quente no blues britânico desde John Mayall and the Bluesbreakers, The Animals e The Yardbirds.
Alvin Lee (1944-2013), que também cantava, fazia solos velocíssimos, mas seus riffs eram igualmente impressionantes – o feeling absurdo causava inveja na maioria de seus concorrentes.
Foram oito anos de criatividade intensa e de shows lotados, o que deixa ainda mais inexplicável a decisão da banda de acabar em 1975, “Vamos parar no auge”, declarou o guitarrista e líder, em uma rara decisão do gênero no mundo pop.
A verdade é que as coisas estavam difíceis entre os quase ex-amigos por conta de muitos ressentimentos. Chick Churchill (bateria), Leo Lyons (teclados) e Ric Lee (baixo) estavam cada vez mais irritados com o protagonismo d Lee, que dominava em todos os aspectos e era o principal compositor. Quando o guitarrista disse que iria gravar um álbum solo, as brigas ficaram mais frequentes. Chegava ao fim, há 50 anos, uma das mais originais e importantes bandas inglesas.
Por mais que os companheiros esperneassem, Lee era uma espécie de Mark Kmopfler em relação ao Dire Straits, ou seja, era o dono. Não é pouca coisa.
Referência histórica
Muitos admiradores e fãs de Yngwie Malmsteen e Steve Vai costumam se surpreender quando escutam ou veem vídeos do guitarrista inglês Alvin Lee, da banda Ten Years After. Como é possível tocar de forma tão veloz e, ao mesmo tempo habilidosa?
O guitarrista mais veloz do mundo e aquele que tinha o feeling mais apurado no rock. Essa era a fama de Lee, o líder do Ten Years After, um dos gigantes do blues rock inglês – era o guitarrista, vocalista e compositor do quarteto que teve a sua fase mais brilhante entre 1967 e 1975..
Faz 12 anos que o instrumentista morreu, aos 68 anos, devido a complicações ocorridas em cirurgias cardíacas, além do agravamento da saúde por conta de problema de circulação. Tardiamente, foi considerado um dos gênios da guitarra.
Eram tempos de concorrência bravíssima – Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page, Jimi Hendrix, Rory Gallagher, Mick Taylor, Peter Green, Steve Howe, Keith Richards, Pete Townshend, Peter Frampton, Robbie Krieger, Robert Fripp e muitos outros – e, para se destacar na cena britânica, era preciso ser excelente e fazer algo de diferente.
Extremamente técnico e virtuoso, Alvin Lee e seu quarteto optaram por um estilo mais pesado de blues, antecipando o que se tornaria conhecido como blues rock. Foi a maneira que encontraram para se diferenciar do blues tradicional de John Mayall, do purismo exagerado do Fleetwood Mac e do experimentalismo blueseiro do Canned Heat.
O Ten Years After foi mais uma das grandes bandas injustiçadas, ao lado de artistas como Robin Trower e Rory Gallagher. Apesar da qualidade altíssima de seu trabalho, sofreu com a enorme concorrência dos grandes nomes da época e com o surgimento de grupos iniciantes, como o Queen.
A saída poderia ter sido os Estados Unidos, mas ninguém conseguiu explicar o porquê de a banda não ter estourado por lá. Era respeitada, tinha um público cativo, mas nunca arranhou o prestígio do Led Zeppelin ou do Cream.