As celebrações pela prisão do nefasto ex-presidente Jair Bolsonao (PL) despertaram a fúria parcialmente adormecida dos extremistas de direita contra professores e a classe artística como um todo.
Essa gente asquerosa, de tempos em tempos, resgata a guerra cultural e ideológica contra a educação, as artes, ciências e conhecimento em geral, quase sempre apelando para a religião e alegando perseguição em vários níveis.
Na base do desespero e da histeria, inundaram as redes sociais de artistas que se manifestaram obre a prisão com um ódio imenso e mais hidrófobo do que o normal. Chama a atenção, no entanto, a quantidade de gente que vomita a frase “não precisamos de artistas, que não servem para nada”, com o endosso de lideranças políticas e religiosas lamentáveis.
Pressentindo que as coisas piorariam para o seu campo político, os extremistas de direita recrudesceram os ataques contra a civilização 9e o mundo progressista nos últimos meses.
São vários os registros de ataques artistas pelo país e também ações contra professores e educadores que supostamente adotam posturas ideológicas, mas que somente aplicam seus conhecimentos no trabalho com o devido endosso das diretrizes educacionais aprovadas e aplicadas por Estados e municípios.
Neste mundo de ignorância e ódio, há espaço para vexames como o de um pai estúpido que chamou a Polícia Militar porque um professor de escola municipal estava dando um conteúdo sobre a existência de religiões africanas – um conteúdo previsto pela grade curricular da Secretaria de Educação da cidade.
Diante de uma denúncia de um pai ignorante (também PM), PMs armados intimidavam perigosos professores e criança de anos. Que tipo de gente perversa empreende esse tipo de coisa?
Perfis de redes sociais de bandas brasileiras foram inundadas com xingamentos e bradando a favor de Bolsonaro. Ódio puro à civilização e à inteligência.
Neste momento em que a arte volta a ser alvo de gente fascista abjeta, é crucial que relembrar os versos de um texto importante da cantora brasileira Zélia Duncan.
“Vida em Branco.”
Você não precisa de artistas?
Então me devolve os momentos bons.
Os versos roubados de nós.
As cores do seu caminho.
Arranca o rádio do seu carro, destrói a caixa de som.
Joga fora os instrumentos e todos aqueles quadros, deixa as paredes em branco, assim como a sua cabeça.
Seu cérebro cimento, silêncio, cheio de ódio.
Armas para dormir, nenhuma canção de ninar, e suas crianças em guarda, esperando a hora incerta para mandar ou receber rajadas.
Você não precisa de artistas?
Então fecha os olhos, mora no breu.
Esquece o que a arte te deu, finge que não te deu nada. Nenhum som, nenhuma cor, nenhuma flor na sua blusa. Nem Van Gogh, nem Tom Jobim, nem Gonzaga, nem Diadorim. Você vai rimar com números.
Vai dormir com raiva, e acordar sem sonhos, sem nada.
E esse vazio no seu peito não tem refrão para dar jeito, não tem balé para bailar.
Você não precisa de artistas?
Então nos perca de vista. Nos deixe de fora desse seu mundo perverso, sem graça, sem alma. Bom dia para quem tem alma!”