No princípio era o blues, simples e intenso, carregado de emoção e de força. Só ela e o violão, e o mundo parava para ouvi-la. Com a banda, s limites se expandiram, e então veio a pequena ajuda dos amigos do Blues Etílicos, o cacife de Nanda Moura, que já era robusto, foi turbinado.
Guitarrista, cantora e compositora, subiu ao palco do Best of Blues and Rock 2024, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo para apresentar todas as credenciais. Saiu ovacionada. E admirada por um público surpreendido: de onde saiu aquela moça que tocava cigar box guitar?
Muita gente ficou feliz em ser “apresentada” a Nanda Moura, só que não podiam imaginar a longa caminhada que empreendeu para se estabelecer como artista de blues e, agora, como artista pop versátil e contundente.
O blues tradicional e de raiz resiste, mas agora ele é plural. Cantando em português e abraçando novas influências, causou estranheza, espanto e admiração
com a fazer mais pop, digamos assim. O blues continua ali, na base, mas agora há guitarras mais frenéticas e arranjos eletrônicos que a colocam na vanguarda mais roqueira da modernidade.
Com atitude e engajamento, Nanda Moura decidiu mandar vários recados nos singles “Chega” (com participação de Nasi, vocalista do Ira!, e do rapper Thaíde) e “Louca”. Há tanto a dizer que às vezes é difícil escolher por onde começar”, diz a musicista em entrevista o Combate Rock. “As duas canções têm sentimentos d complicados diante de várias situações complicadas em nosso cotidiano que foi necessário extravasar.”
Com a migração para o mundo pop, a cigar box guitar deve descansar um pouco. O instrumento é uma guitarra pequena, de três cordas, com corpo que lembra um maço de cigarros e eu tem uma sonoridade única. Tem origem nas terras do blues de raiz nos Estados Unidos.
Como especialista no instrumento, discorre por muito tempo sore as qualidades e as diferentes possibilidades sonoras que que explorou, afirmando que a cigar box convive de forma harmônica com o som que está fazendo no momento.
Com voz suave e uma postura firme e bastante articulada, Nanda não teme o patrulhamento ideológico por conta das letras engajadas e contundentes. “Quis me posicionar diante de tanto equívoco que percebo, em minha opinião. Eu me insurjo contra a caretice e a anestesia emocional dos tempos atuais.”
Com produção de Apollo Nove e coprodução de Nasi, a faixa “Louca” reafirma o lugar de Nanda Moura como uma artista que transita com força e liberdade entre o blues tradicional e o rock visceral. A artista funde a raiz e a rebeldia em uma canção-manifesto que provoca e convida à libertação.
A letra é um chamado à autenticidade, à coragem de viver sem filtros, à recusa da vida engessada e conformada. “É hora de chutar o balde, olhar pra dentro, perder o medo e abandonar as amarras”, define.
As duas canções são uma declaração de princípios. “A música não é só entretenimento — é um espaço de encontro, resiliência e liberdade. ‘Louca’ é a trilha de quem se recusa a viver podado e encontra na arte o caminho para a intensidade da vida”, afirma Nanda.
Ela segue com contundência: “O mundo está careta. Os que se atrevem a viver sem filtros são rotulados de loucos. ‘Louca’ nasce como um chamado à liberdade em seu estado bruto, visceral e sem filtro.”