A recriação dos anos 80 nos mínimos detalhes, e nas mais variadas áreas do entretenimento. Esse movimento ficou mais intenso a partir do ano passado, quando ícones culturais de 40 anos atrás voltaram a ser cultuados, e entre os artistas resgatados está a banda Heart, liderada pelas irmãs americanas Ann e Nancy Wilson.
O hard rock oitentista, em especial o californiano, ainda causa furor e serve de inspiração para bandas que sonham em reviver os anos dourados da Sunset Strip, em Los Angeles. Entre as mulheres essa febre sempre foi menos intensa, mas a sonoridade ainda causa admiração.
A norte-americana Dorothy, a cantora de rock mais importante dos Estados Unidos hoje, saboreia os bons resultados de seus últimos álbuns, que lhe renderam uma amizade com Slash, guitarrista dos Guns N’ Roses.
“The Way”, o disco mais recente, é menos pesado que os anteriores, mas mantém a estética de hard rock que tanto agradou no som de bandas como Heart, Vixen e na carreira solo de LitaFord (ex-Runaways).
O som esá mais acessível, mas as letras são mais densas e com melhor elaboração, fruto da maturidade e dos bons contatos que sempre teve n cena musical americana, O álbum não tem hits inegáveis como “Rest in Peace” e “Gifts From Holy Ghost”, mas tem a faixa-título como grande destaque, uma balada épica sem excessos e com ótimo refrão.

A espanhola Gabrielle do Val retoma carreira solo depois de muito tempo e parece ter saído diretamente de 1988 com seu álbum autointitulado. A referência óbvia é Heart, mas principalmente a cantora americana Pat Benatar, que fez muito sucesso 40 anos atrás.
Com guitarras afiadas e uma sonoridade grandiosa, ela vai bem em canções de apelo pop inevitáveis, como “Good Morning Vietnan”, “I’m the Hmmer” e “The Sky Is Falling”.
O som é bastante datado, mas isso não é um defeito se considerarmos a competência da produção. As guitarras são orgânicas, por mais que muits vezes emulem e até simulem o som oitentista, mas a cantora é boae tem grande apelo pop.
A norte-americana GracePotter, que já cantou com os Rolling Stones em um show na turnê de 2015deles – brilhou no dueto com Mick Jagger em “Gimme Sheter” na cidade de Minneapolis -, tem transitado por vários gêneros além do rock, mas sempre volta ao gênero.
No caso de seu mais recente lançamento, ela nem sequer chegou a sair do rock, já que “Medicine” é o seu disco engavetado em 2007, gravado com a participação de T Bone Burnett
É um disco de rock, mas com gosto delicioso de soul music, mostrando uma moça ainda tímida, sem se dar conta do enorme potencial de sai performance vocal. “Medicine” era para se a sua entrada triunfal no mercado e o início de sua carreira fonográfica, mas ela e seus empresários preferiram montar uma banda mais roqueira, mais pesada, e cair na estrada.

A Hollywood Records, sua antiga gravadora, finalmente lançou o álbum perdido, e o primeiro single, “Before the Sky Falls”, foi chamado de “peuqena joia perdida no fundo do oceano”. Realmente é uma grande canção.
Potter contou à “Variety” a história de como o projeto surgiu — ou, por 18 anos, não surgiu — durante as filmagens de um vídeo para a faixa-título em sua casa na Califórnia, admitindo que isso poderia estabelecer algum tipo de recorde de tempo decorrido entre a gravação de uma música e seu videoclipe.
“Tudo isso é basicamente um filme do Richard Linklater, sabe?”, ela ri, comparando-o a um dos projetos do cineasta, filmado ao longo de muitos anos. “Ou eu sinto como se fosse colocar uma dedicatória no anuário de alguém que você não vê há, sei lá, 17, 18 anos, e essa pessoa vem até você e diz: ‘Olha este livro. Você pode finalmente me escrever um bilhetinho para que eu possa ter algo para me lembrar de você?’ É muito bom reescrevê-lo com, tipo, uma caneta de caligrafia bacana.”
Grce Potter ainda se mostra uma cantora hesitante em alguns momentos, mas demonstra qualidade e na interpretação ora esfuziante, ora contida, como em “Oasis”, música que tem um acento jazzístico e influência de grandes cantoras da música americana.