O álbum que definiu o rock progressivo como presunçoso e autoindulgente. “Tales From Topographic Ocean”, do Yes, pode ser considerado o auge da ambição do rock para se transformar em “arte séria” e respeitada pela “academia”. É um LP duplo lançado em 1973 com mais de uma hora de música e apenas quatro músicas.
Marco da música popular dos anos 70 do século passado, não é o melhor disco do Yes, mas é certamente o mais ambicioso em busca de novos limites musicais e promovendo, ou tentando promover, uma aproximação com o mundo erudito – afinal de contas, o tecladista Rick Wakeman tinha formação erudita e se considerava maestro, assim como os amigos e contemporâneos Jeith Emerson (tecladista de Emerson, Lake & Palmer) e Jon Lord (tecladista do Deep Purple, que era formado em, regência).
É essa obra um pouco subestimada do Yes – “Tales From Topogaphc Ocean” – que ganha uma monumental reedição com riquíssimo material extra de estúdio e ao vivo – é de uma ambição tão grande quanto á do King Crimson, que tem pelo menos cinco enormes caixas com mais de 20 CDs de material extra de estúdio e gravações de shows.
A edição expandida, com 15 unidades, será lançada em 6 de fevereiro pela Rhino Records. A nova versão chega em formato super deluxe reúnegravações inéditas, remixes, versões instrumentais e apresentações ao vivo capturadas durante a turnê que acompanhou o lançamento original.
São 12 CDs, 2 LPs e 1 Blu-ray com o álbum original remasterizado e com novas mixagens feitas por Steven Wilson (guitarrista e vocalista do Porcupine Tree responsável pelo mesmo trabalho em obras de King Crimson, Jethro Tull e The Who metre outros).
A caixa terá versão instrumentais, faixas de trabalho e duas apresentações ao vivo inéditas, registradas em Zurique (Suíça) e Manchester *Inglaterra) entre 1973 e 1974. Parte dessas gravações ao vivo era até agora inédita oficialmente, com exceção da faixa Ritual (Nous Sommes du Soleil), que havia aparecido na reedição de 2016.
E tem mais: o álbum remasterizações em Dolby Atmos, 5.1 DTS-HD MA e estéreo, além de versões em vinil do álbum duplo. Um lote limitado de 500 cópias acompanha ua litografia assinada por Roger Dean, artista

responsável pela icônica arte de capa.
Síndrome do próximo álbum
“Tale oFtom Topographic Ocean” é o sexto álbum do Tes, sucedendo o melhor disco da banda, “Close to the Edge”, aclamado até mesmo pelos detratores da banda. Todos sentiram que tinham composto e criado algo especial, mas aí vem o sentimento de medo? O que fazer depois da obra-prima?
Com a confiança nas alturas, quinteto apostou alto e soltou as amarras de qualquer amarra. Se a canção “Close to the Ege” tinha mais de 17 minutos, então dava para arriscar mais.
O que eles não esperavam era o fato de que longas suítes não eram mais novidade – todo mundo no rock progressivo estava fazndo, a ponto de o Jethro Tull gravou um álbum com uma única canção “Thuclas a Bric”, dividida em algumas suítes.
O álbum, na primeira audição, soa pretensioso e até megalomaníaco e, aparentemente, foi incompreendido pelo público, que tinha se familiarizado com “Close to the Edge”, que era mais acessível lírica e musicalmente. Com produção esmerada e cheia de detalhes, quase tudo parecia excessivo – um dos motivos da saída do excepcional baterista Bill Bruford em 1972, após o lançamento de Close to the Edge”.
Muitos críticos consideraram o trabalho consideraram o trabalho confuso e indefinido, opiniões que coincidiam, com as de Rick Wakeman, qu tinha apenas dois anos de banda.
As tensões internas cresceram e o tecladista decidiu sair em dezembro de 1973 insatisfeito com os rumos musicais do Yes. O LP duplo teve vendas apenas razoáveis, o que frustrou a banda em todos os sentidos.
Apesar disso, “Tales” serviu de base e inspiração para o trabalho seguinte, “Relayer”,. de 1074, com o tecladista suíço Patrick Moraz (que era casado com uma brasileira e morou no Rio de Janeiro entre 1975 e 1977).
O disco foi bastante criticado, mas a ironia é que contém uma música que se tornou a segunda música mais conhecida da banda e hit radiofônico, “Soon”, que é uma suíte da fixa “Gates of Delirium” e embalada pelo teclado etéreo de Moraz.
Ao comentar sobre Tales From Topographuic Ocean”, o guitarrista Steve Howe admitiu que o Yes se sentia no auge e que tinha muita cinfiança no que seria capaz de fazer. Em trecho de entrevista resgatado pelo site da revista brasileira Roadie Crew (www,roasdiecrew,cxom), ele disse?
“Sabíamos que estávamos explorando uma paisagem enorme. O primeiro lado definia o tom e deixava claro que queríamos desenvolver temas e usá-los de maneiras diferentes.” [Declaração publicada originalmente na revista Prog em 2020)]