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Todo mundo ansiava pelo retorno dos shows, mas parece que teremos de esperar (Foto: Divulgação/Leandro Anhelli)

O mundo está fechando as portas de novo, e estamos prestes a enfrentar mais um período de trevas, ao menos por enquanto. 

Uma nova explosão de casso de covid-19 no planeta está adiando ou cancelando eventos por conta do medo da contaminação pela variante Ômicron, muito mais agressiva e de maior propagação.

No Brasil, onde ainda se discute se deverá haver desfiles de escolas de samba ou carnaval de rua em algumas cidades (São Paulo e Rio de Janeiro já suspenderam essas atividades), o mundo do entretenimento, de forma relutante, embarca na onda dos adiamentos.

Duas casas de shows em São Paulo, a Studio SP e o cine Joia, adiaram pra março e abril todos os eventos marcados para janeiro, assim como a casa noturna Alberta e quase todas as do chamado circuito Augusta.

As bandas Kamelot (Estados Unidos) e Luca Turilli’s Rhapsody (Itália), ambas de heavy metal, adiaram para 2023 a passagem pelo Brasil marcada para este ano – shows que tinham sido marcados originalmente para 2021 e adiados para este ano.

Entre os dias 20 de dezembro e 7 de janeiro, o aumento de casos diários de covid-19 cresceu 669%, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa recolhidos com as secretarias estaduais de Saúde. Em relação aos casos de gripe influenza, a explosão é ainda maior, superlotando hospitais e unidades básicas de saúde.

A coisa está tão séria que a temporada de cruzeiros marítimos pela costa brasileira foi oficialmente suspensa neste mês até que as autoridades sanitárias entendam que o pior já passou e que os níveis de contaminação estejam mais baixos.

Era previsível que nova onda de contaminação varresse o planeta por conta do relaxamento nos cuidados de higiene e de combate ao vírus. 

A variante Ômicron explodiu nos Estados Unidos e na Europa a partir do Natal passado e forçou a retomada de medidas graves de restrição social e isolamento. Houve lockdowns na Holanda e na Áustria, países com índices considerados baixos de vacinação, o que é um escândalo. 

Como já era esperado, as áreas de entretenimento, artes, cultura e turismo foram as mais afetadas, justo elas as primeiras a serem impactadas e as últimas a se recuperarem financeiramente. Com mais esse baque, quem conseguiu sobreviver no segmento pode ir definitivamente à bancarrota agora, principalmente no Brasil.

É bacana ver bandas conscientes, como os Racionais MC’s, declarando que vão exigir o passaporte vacinal em seus shows em 2022. Segundo o vocalista Mano Brown, só entra no recinto quem comprovar estar imunizado com ao menos duas doses.

Medida importante, necessária e elogiável, mas que pode ser insuficiente, ao menos por enquanto. O ideal é que nenhuma atividade que envolva público médio e grande seja realizada. Quanto mais relaxamento nas medidas de distanciamento social e no uso de máscaras, mais tempo levará para que retomemos às atividades de forma “normal”, se é que o antigo “normal” será retomado algum dia.

É claro que os protestos contra as medidas de restrição que voltam estão mais estridentes agora. Quando se imaginava que a retomada, ainda que lenta, estivesse consolidada, o vírus nos mostra que ainda está resistente e mais agressivo, por mais que o número de mortes seja bem menor – santa vacina!!!!!!!

Músicos e produtores, privados de renda por mais de um ano e meio, imaginavam que o primeiro trimestre poderia marcar a recuperação do setor e restabelecer circuitos musicais e os festivais. 

Entende-se o desespero dessa gente, que mistura negacionistas convictos e gente de bom senso asfixiada pela falta de dinheiro e de perspectivas. Só que não há mágica: ou sigamos a ciência e adotemos as normas sanitárias de segurança e combate à doença, ou teremos de conviver por anos com esse vírus mortal, o que significa que nunca mais nos livraremos de cancelamentos e adiamentos.

Bradar contra as regras de distanciamento social e restrição de público nas casas de shows e bares é inútil. Além de pegar muito mal, reforça o estereótipo de que “artista só quer saber do próprio bolso e do próprio divertimento”. 

Avançamos tanto em tão pouco tempo na vacinação, mesmo com o governo federal sabotando as campanhas, que não faz sentido colocar tudo a perder por conta de interesses setoriais, por mais que entendamos o desespero da classe artística. Por isso, temos de aplaudir a nota oficial do Studio SP com a decisão de suspensão dos eventos enquanto os níveis de contaminação de covid-19 estiverem muito altos.

“Em meio a tantas incertezas relacionadas à pandemia, mesmo não existindo qualquer restrição das autoridades públicas às nossas atividades, o Studio SP, em conjunto com os artistas que se apresentarão na casa, decidiu adiar sua programação de janeiro de 2022”, diz a nota.

Mesmo com o aumento dos números de casos, o governo de São Paulo não alterou as regras dos protocolos sanitários. No momento, shows ainda podem ocorrer normalmente, sem restrições de horário, capacidade ou distanciamento. 
O uso de máscara ainda é exigido, mas é pouco aplicada em espaços que também têm venda de álcool ou alimentos – nesses caso o público pode retirar a proteção para o consumo.

Em São Paulo, Prefeitura de São Paulo decidiu tornar obrigatório o passaporte da vacina com ao menos duas doses para todos os eventos na cidade. Antes disso, a medida valia com eventos com mais de 500 pessoas. De acordo com  administração municipal, essa regra vem sendo cumprida.