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IMAGEM: FOTO DE DIVULGAÇÃO EM MMONTAGEM 

O negacionismo ainda permanece, assim como algumas frases polêmicas a respeito de saúde e medidas públicas na Inglaterra para combater as desigualdades sociais, mas o guitarrista inglês Eric Clapton acena para uma espécie de redenção em seus trabalhos mais recentes.

Cada vez mais envolvido com os trabalhos sociais expandidos da Crossroads Fundation, que promove o Crossroads guitar Festival, nos Estados Unidos, Clapton lançou o seu segundo single em 2023 dentro do projeto que mantinha com Jeff Beck, que morreu em janeiro, aos 78 anos.

“How Could We Know” segue uma linha mais jazzística e conta com a participação do guitarrista brasileiro Daniel Santiago, que mora em Nova York e é um dos mais respeitados no circuito folk-jazz. Clpaton, inclusive, tocou no disco de Santiago lançado há três anos.

A canção é coescrita com o cantor e compositor Simon Climie, que  canta em dueto com Judith Hill. é delicada e baseada em uma estrutura quase de bossa nova, com um clima que exala esperança. Na letra, uma espécie de mea culpa sobre supostos erros do passado, mas sem especificação. Lembra muito um sucesso de seu passado, “Change the World”.

A música foi lançada como “segundo lado A” do single “Moon River”, lançado há quatro meses, um dueto de guitarras entre Clapton e Beck – foi a última gravação deste.

Embora seja um pouco tarde para buscar alguma redenção depois de investir contra as vacinas e as medidas de combate à covid-19, é inegável que Clapton mantenha uma pequena chama sedutora por cinta de seu imenso talento. 

Quem o toma apenas como um artista sensível vai se comover como os dois mais recentes singles, que são singelos e sutis na apresentação de temas delicados e claramente inspirados no cancioneiro norte-americano.. Seria uma espécie de preparação de terreno para a aposentadoria, que estaria próxima, como vem deixando claro o guitarrista ha algum tempo.

Com o nome inscrito na história da música pop, ele tenta se esquivar das cobranças por conta dos pecados mais recentes, como a parceria imperdoável com o irlandês Van Morrison no combate às medidas de isolamento e distanciamento por causa da pandemia, além de desconfiar publicamente da eficácia das vacinas. Não se livrará tão fácil desses carimbos fazendo músicas delicadas, ainda que sejam bem razoáveis.