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O mesmo artista que já fez discursos racistas e que se mostra um negacionista ao bradar contra as vacinas – qualquer uma – é o mesmo que mostra sensibilidade ao compor uma triste e bela balada sobre o genocídio de crianças na Faixa de gaza, devastada por Israel. 

Eric Clapton acaba de divulgar um videoclipe para uma canção até então inédita, “Prayer of a Child”, dedicada às crianças chacinadas pela forças armadas israelenses, que destroem parte da Palestina a pretexto de revidar os ataques terroristas do grupo terrorista extremista Hamas.

A canção é boa, tem força e e é calculadamente melancólica e triste, Não tem força para se tornar um hino, mas é um libelo contra o genocídio que ocorre no Oriente Médio.

O guitarrista inglês já tinha se manifestado a favor do povo ucraniano, que está sendo massacrado por tropas invasoras do pa´s vizinho, a Rússia, que ainda é uma superpotência mesmo após a derrocada da União Soviética, em 1991. Clapton se manifestou contra a guerra e em solidariedade ao povo ucraniao, além de participar de eventos e concertos.

É o suficiente para se redimir dos erros graves do passado? Não, mas ao menos é mais uma voz\ importante do mundo das artes a protestar contra a devastação de gaza. 

Em 1976, Clapton fez um discurso considerado racista no palco no meio de um show na Inglaterra. Ele criticava a então “imigração desenfreada” de negros caribenhos e africanos, além de insinuar que não tolerava indianos e paquistaneses. 

Dias depois ele se desculpou alegando que estava bêbado – foi o período mais sombrio de sua vida de alcoólatra, quando internado várias vezes para reabilitação. Entretanto, sias desculpas não convenceram e acabou inspirando o movimento “Rock Against Racism”, encabeçado por vandas punks.

Eric Clapton (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Quando da pandemia de covid-19, em 2020, surpreendeu ao dar entrevistas desconfiando da eficácia da vacinas e exortava a todos para que não as tomassem. Pior ainda: protestou contra as medias de isolamento social e distanciamento que tanto ajudaram a conter o vírus.

A vergonha não parou por aí. Ao lado do cantor irlandês Van Morrison, quase octogenário como o guitarrista, compôs três músicas de protesto contra as medidas de distanciamento e lockdowns, exaltando a “liberdade de ir e vir de trabalho. 

Não se desculpou por isso e acabou perdendo amigos de longa data, como o americano Robert Cray. De forma surpreendente, no entanto, organizou um tributo ao amigo Jeff Beck, que morreu em 2023, com renda revertida para entidades de caridade e teve a adesão e antigos e recentes desafetos. Uma no cravo, outra na ferradura…

Sobre a guerra no Oriente Médio, que fique claro: o Hamas perpetrou um ataque terrorista nojento e gravíssimo, matando mais de 1,3 mil pessoas e sequestrando outras 240. 

Caindo na armadilha, os israelenses decidiram reagir de forma desproporcional e contra civis, em uma ofensiva contra os palestinos de gaza, que matou mais de 25 mil pessoas e destruiu praticamente todo o território onde vivem 2,5 milhões de pessoas, em uma área equivalente ao município de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. É uma imensa favela que está sendo devastada, em um genocídio sem precedentes na era moderna. Israel é um Estado terrorista e assassino.e merece a execração internacional.