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Jô Soares e Ian Gillan, do Deep Purple, durante entrevista no Programa do Jô (FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLBO/YOUTUBE)

Jô Soares, que morreu aos 84 anos nesta sexta-feira (5), era um amante de jazz tradicional e manteve por anos um programa sobre o gênero na rádio Eldorado FM, uma das atividades que ele mais amava. Só que conhecia muito sobre rock, e todo o tipo de rock.

No seu período na TV Globo com o programa de entrevistas, teve ótimas conversas com gente como Mark Knopfler, ex-guitarrista do Dire Straits, e impagáveis entrevistas com membros das bandas brasileiras Angra e Sepultura;

Duas das entrevistas, no entanto, foram significativas e memoráveis: Deep Purple, em 2003, e ex-tecladista do Yes Rick Wakeman – acompanhado do filho mais novo, Adam.

Claro o apresentador se preparou bem para as duas entrevistas, mas as fez com propriedade e inteligência, arrancando elogios ´pelo bom humor e pelo estilo bem descontraído.

Com Ian Gillan, o vocalista do Deep Purple, engatou uma conversa excêntrica sobre propriedades medicinais de plantas para a preservação da voz e e exercícios vocais. Ele também estimulou os músicos a contarem passagens engraçadas de quando eram mais jovens.

Com Wakeman, que visitava o Brasil pela enésima vez, estava em turnê com o filho Adam, então jovem tecladista em início de carreira – depois atuou como músico de estúdio e de turnês de Black Sabbath e Ozzy Osbourne solo -, Jô se divertiu ao falar sobre cerveja, turismo e futebol. Relembrou “G’Olé”, um disco temático do tecladista sobre a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, uma encomenda do comitê organizador.

Outra passagem interessante foi  conversa com Joe Satriani, em 2001. O apresentador claramente pouco conhecia a respeito do grande guitarrista americano, mas conseguiu se virar muito bem e tornar a conversa instrutiva e bastante amigável.

Mesmo quando falava mais do que o entrevistado – principalmente quando conversava com amigos, como Miele ou Nelson Motta -, Jô Soares eram um ótimo entrevistador até nas patadas e nos pitos. Era gentil e delicado, mas sabia ser firme. Poucas foram as vezes em que a entrevista deu errado, com algum constrangimento.

Entre vitórias e poucas derrotas, seu programa de entrevistas era um oásis de inteligência e leveza não importando a seriedade ou a gravidade do assunto. O fim do talk show, em 2016, ainda hoje é lamentado. A tentativa de substituí-lo, “Conversa com Bial”, com Pedro Bial, ainda não emplacou.