Escolha uma Página

Jack Bruce ganha caixa com ótima retrospectiva ao vivoS

ão poucos os músicos populares que recebem o apelido de “maestro” por conta da excelência de suas performances no instrumento. Foi assim com o tecladista inglês Jon Lord (1941-2012), do Deep Pruple, que realmente era maestro de formação, com o guitarrista americano Frak Zappa e com o baixista escocês Jack Bruce.

O baixista, com sólida formação erudita, apaixonou-se cedo pelo blues e pelo jazz e entendeu que o contrabaixo era veículo ideal para extravasar a criatividade, primeiro na Graham Bond Organisation, e depois no maravilhoso trio Cream, que ainda tinha Eric Clapton na guitarra e Ginger Baler na bateria.

Não obteve o mesmo reconhecimento na carreira solo, que engatou a partir de 1969, mas, por outro lado, o respeito profissional cresceu assustadoramente, principalmente depois de trabalhar com nomes como Gary Moore, Robin Trower, Tony Williams e muitos outro.

Morto em 2014, aos 71 anos, em consequência de problemas derivados de um transplante de fígado, Bruce ganhou uma brilhante retrospectiva de sua carreira solo e que foi lançada no final de março tendo como base apresentações ao vivo compiladas pela emissora de rádio eTV britânica BBC. 

As gravações reúnem shows transmitidos pelo rádio e também performances exclusivas registradas nos estúdios da emissora. Há também registros para o programa de TV alemão Beat Club by Lifetime (também com Tony Williams, John McLaughlin e Larry Young) filmado na época do álbum “Turn it Over'”

“Smiles and Grins: Broadcast Sessions 1970-2001” é rico e detalhado a respeito da trajetória do baixista e cantor; O material da BBC inclui duas gravações lendárias do programa “In Concert”

 O primeiro concerto data de 1971 (com os amigos Chris Spedding, Graham Bond, John Marshall e Art Themen) e está na íntegra com a versão completa de 18 minutos de ‘Powerhouse Sod’ apresentada em CD pela primeira ve.

O segundo concerto data de 1977 e conta com a banda que Jack montou para o álbum “How’s Tricks'” Também são apresentados áudios e gravações de vídeo do concerto especial do programa “Old Gray Whistle Test”, de 1975 com a banda de Jack apresentando Carla Bley, Mick Taylor (então recém-saído dos Rolling Stones), Ronnie Leahy e Bruce Gary. 

A caixa com qatro CDs também inclui um concerto de 1981 gravado para Toutra edição do “Old Gray Whistle Test”, exibido na TV em 1982, além das sessões completas de “Jazz in Britain” de 1971 e 1978 com Jack Bruce, Jon Hiseman e John Surman. Outra pérola é uma sessão para “Later with Jools. Holanda”, de 2001.

A caixa é a coleção mais abrangente de sessões de transmissão de Jack já lançada e inclui um livreto ilustrado e um ensaio – uma celebração adequada do legado musical de Jack Bruce, um mestre muito saudoso em seu ofício.

Um personagem fascinante

Arrogante, instigante, persistente, autoconfiante, autossuficiente, bocudo. Esses e vários outros adjetivos podem ser aplicados ao escocês Jack Bruce, baixista de formação erudita que se tornou um dos maiores instrumentistas da história do rock e do blues.

Parceiro de Eric Clapton no fantástico Cream, chegou a rivalizar com John Entwistle, do Who (que virou seu amigo nos anos 70) como o melhor baixista do rock. Faz cinco anos que o brilhante instrumentista morreu em consequência de problemas no fígado, embora a doença específica na pela família. Ele tinha 71 anos e passou por um transplante de fígado em 2003.

Rebelde e genioso, mas talentosíssimo, Bruce, que nasceu em Glasgow, começou a tocar baixo quando era adolescente, após ter aulas de violoncelo e clarinete, e deixou a escola de música porque não era permitido que tocasse jazz. Decidido a tocar jazz em Londres, chegou à cidade no início dos anos 60 e tocou blues com grandes mestres, como Alexis Korner, Cyrill Davies e John Mayall.

Apesar do mau humor por ter de se dedicar mais ao blues do que ao jazz para ganhar um pouco de dinheiro, logo se tornou referência na cidade aos 20 anos, o que fez com que fosse quase “obrigado” a entrar na Graham Bond Organisation, grupo de rock de relativo sucesso no underground londrino, mas que tinha muito de jazz em suas longas improvisações.

 Entretanto, o dinheiro era curto e decidiu encarar o rock pesado do Cream ao lado de Clapton, em 1966, e tendo que aturar o desafeto Ginger Baker na bateria, com quem tocou em outras bandas;

Mesmo nos 40 anos seguintes, tocando em vários projetos, baixista e baterista nunca deixaram de se odiar, apesar do respeito musical mútuo. O Cream foi um estouro mundial, mas o guitarrista, mas durou somente dois anos. As constantes brigas com Baker e a eterna insatisfação com a falta de mais grana e os holofotes sobre Eric Clapton encheram a paciência de todo mundo.

Continuou amigo do guitarrista, mas só voltariam a tocar juntos por uma noite, em 1993, quando o Cream foi indicado ao Rock and Roll Hall of Fame, e em 2005, quando a banda novamente se reuniu para uma série de seis shows na Inglaterra e nos Estados Unidos. 

Nos anos 70, manteve uma carreira solo respeitada com base no jazz e no blues, além de tocar com muitos astros da música. Lamentavelmente, fez sucesso moderado em seus próprios trabalhos.

Depois do Cream, foram dois os destaques de sua carreira. Entre 1971 e 1973 substituiu o amigo Felix Pappalardi no Mountain – Pappalardi foi produtor do Cream e tinha se “licenciado” para trabalhar em outros projetos. 

Irritado com a decisão de seu baixista, o guitarrista Leslie West aceitou a indicaçõ de Bruce, mas decidiu trocar o nome da banda, que virou West, Bruce & Laing (este último, o baterista do Mountain).

A mistura de blues e rock pesado fez muito sucesso, rendendo dois álbuns de estúdio e um ao vivo, mas o trio se desfez no auge, já que Pappalardi exigiu o posto de volta e o retorno do Mountain – havia contratos assinados que lhe davam esse direito. O triste é que o Mountain acabaria em 1975. Pappalardi morreria em 1983, assassinado pela esposa. 

O outro ótimo trabalho fora do Cream também foi efêmero e resultou de uma negativa de Eric Clapton em reformar o trio em 1993, logo após a apresentação no Rock and Roll Hall of Fame..

Bruce não queria nem participar por causa da inimizade com Ginger Baker, mas peercebeu que seria uma boa ideia não só tocar na cerimônia como ressuscitar o Cream, em termos financeiros. Com a recusa de Clapton, aceitou a indicação de amigos para conversar com Gary Moore, guitarrista irlandês que tinha virado astro mundial tocando blues alguns anos antes.

O guitarrista aceitou e foi criado o BBM (Baker, Bruce and Moore), que lançou o ótimo álbum “Around to the Next Dream” em 1994. Houve uma turnê naquele ano, além de participações especiais nos shows solo de Moore, mas o grupo deixou de existir ao final de 1995.

Smiles and Grins: Broadcast Sessions 1979-2001

CD1:

1. You Burned The Tables On Me (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (5:25)
2. Smiles & Grins (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (6:36)
3. Folk Song (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (5:33)
4. A Letter Of Thanks (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (4:32)
5. We’re Going Wrong (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (4:50)
6. The Clearout (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (7:16)
7. Have You Ever Loved A Woman? (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (6:19)
8. Powerhouse Sod (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (18:20)
9. You Sure Look Good To Me (Live, BBC Radio One In Concert, 29 August 1971) (7:21)

CD2:

1. Theme For An Imaginary Western (Live, BBC Radio One, Sound Of The Seventies, 20 July 1971) (4:44)
2. You Burned The Tables On Me (Live, BBC Radio One, Sound Of The Seventies, 20 July 1971) (4:14)
3. Folk Song (Live, BBC Radio One, Sound Of The Seventies, 20 July 1971) (4:24)
4. A Letter Of Thanks (Live, BBC Radio One, Sound Of The Seventies, 20 July 1971) (3:35)
5. The Clearout (Live, BBC Radio One, Sound Of The Seventies, 20 July 1971) (3:24)
6. Baru (Live, BBC Radio Three, Jazz In Britain, 10 August 1971) (4:57)
7. Powerhouse Sod (Live, BBC Radio Three, Jazz In Britain, 10 August 1971) (7:55)
8. Oom Bham She Bam Bom (Live, BBC Radio Three, Jazz In Britain, 10 August 1971) (7:02)
9. Jack’s Gone (Live, BBC Radio Three, Jazz In Britain, 10 August 1971) (4:05)
10. Clearway (Live, BBC Radio Three, Jazz In Britain, 10 August 1971) (5:35)
11. Walkabout (Live, BBC Radio Three, Jazz In Britain, 10 August 1971) (27:51)

CD3:

1. Can You Follow (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (2:19)
2. Morning Story (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (5:19)
3. Keep It Down (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (5:24)
4. Pieces Of Mind (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (6:04)
5. One (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (6:35)
6. Spirit (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (7:34)
7. Without A Word (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (8:56)
8. Smiles & Grins (Live, Old Grey Whistle Test, 6 June 1975) (12:28)
9. Fifteen Minutes Past Three (BBC Radio Three, Jazz In Britain, 4 September 1978) (7:13)
10. Ten To Four (BBC Radio Three, Jazz In Britain, 4 September 1978) (7:37)

CD4:

1. Madhouse (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (6:41)
2. Without A Word (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (6:17)
3. Times (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (5:07)
4. Baby Jane (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (2:47)
5. Born Under A Bad Sign (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (4:59)
6. Lost Inside A Song (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (4:46)
7. Something To Live For (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (5:27)
8. How’s Tricks (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (5:20)
9. Spirit (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (7:41)
10. Out Into The Fields (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (6:44)
11. You Burned The Tables On Me (Live, BBC Radio One In Concert, Paris Theatre, London, 30 April 1977) (6:31)
12. Twenty Past Four (Live, BBC Radio Three, Jazz In Britain, 4 September 1978) (12:14)