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O século XXI tem ensinado coisas importantes para a nossa vida cotidiana em termos de direitos humanos – por mais irônico que seja que no momento, haja duas guerras devastadoras em curso no mundo. 

Uma das mais necessárias é que devemos ser didáticos ao extremo se quisermos que a mensagem seja inequívoca, principalmente em relação ao racismo, um dos males do século. N

Neste didatismo, uma fala do filme “A História de Mahalia Jackson” (2022, da diretora Denise Dowse e estrelado pela cantora Ledisi) sintetiza um dos sintomas da malignidade: “Racismo e preconceito racial não passam de puro ódio. e o ódio está em todo o lugar. Nossa missão é combater o ódio”.

Santa sabedoria da cantora negra gospel e de rhythm and blues que foi uam das maiores de todo os tempos, além de ser uma importante ativista pelos direitos civis e humanos e uma colaboradora de Martin Luther King, talvez o maior ativista da história americana.

O ódio cotidiano que deságua no preconceito costuma ser apontado como a maior fonte de desavenças e violências da atualidade. O mundo virtual e extremamente conectado facilita a disseminação do crime e da discórdia, especialmente na questão político-religiosa-racial. 

É mais do que uma questão estrutural: é uma estratégia bem coordenada de imposição, submissão e dominação, uando não de eliminação. Por isso é que o didatismo neste tempos é muito importante para dar cara e nome aos bois. 

“Fogo no Racistas”, como bem diz a canção emblemática da banda brasileira de heavy metal e hardcore Black Pantera, um trio formado por músicos negros. Quer coisa mais direta do que isso?

Se a hora é de exaltar a cultura negra e manter o clima tenso e de confronto cultural e ideológico, então é hora de ouvir mais e mais Racionais MCs, sempre uma pancada na cara, ou então de estourar os alto-falantes com a ultraviolência sonora do Body Count, banda americana de metal liderada pelo rapper e ator  Ice-T, talvez o maior nome internacional do rock negro e engajado.

E tem ainda a didática “Auslander”, do quarteto Living Colour, veterana banda de hard rock americana que não teve medo de abordar assuntos pesados, como o dessa música em especial, que significa estrangeiro em alemão. 

Durante uma turnê pela Alemanha nos aos 90, o vocalista Corey Glover ligou o rádio e sintonizou em uam estação qualquer e ficou hipnotizado e horrorizado com a virulência do discurso. A palavra que mais chamou a sua atenção foi “auslander” berrada. 

Pedindo a alguém para lhe explicar o significado, seu horror só aumentou: era um programa político de extrema-direita que dava voz a seres execráveis que destilavam preconceito contra estrangeiros (principalmente turcos, que são numerosos na Alemanha) e judeus.

 A canção e autoexplicativa, o que ão diminui a sua contundência. Mai do que ser mais uma denúncia de ódio, racismo e xenofobia, é um grito de resistência e ativismo em um mundo que revive os flagelos da guerra e do ódio em várias escalas.

As falas pretas são cada vez mais necessárias, e que sejam cada vez mais contundentes. Racismo é a face mais odiosa do ódio. E só amor não basta para debelá-lo ou inferiorizá-lo. É necessário o bom combate para bani-lo, como bem ensinaram Mahalia Jackson e Martin Luther King.