Escolha uma Página
Tony Babalu (FOTO: DIVULGAÇÃO/BOLÍVIA E CÁTIA ROCK)

São cada vez mais comuns as afirmações nas redes sociais de que a música cura, em todos os sentidos, principalmente em tempos estranho de pandemia. O número de artistas que levam a cabo a premissa é grande, mas dois guitarristas decidiram levá-la muito além do senso comum.


Tony Babalu e Rodrigo Nassif exploram em cada nota e em cada detalhe toda a beleza da música instrumental e inteligente, misturando sentimentos diversos e uma sofisticação que comovem.
“No Quarto de Som…” é o novo EP do veterano Tony Babalu, um músico que se confunde com a própria história do rock nacional desde os anos 70. 


Exímio guitarrista, transita entre e o rock e o jazz com uma facilidade irritante, da mesma forma que imprime tamanha elegância na execução de seus trabalhos. É um estilista, daqueles que encantam e fazem com que, imediatamente, as pessoas parem o que estão fazendo para prestar a atenção no som.


No novo trabalho, é difícil não associar seus fraseados e sua dinâmica com a de outro monstro da guitarra, o inglês John McLaughlin, criador da excelente Mahavishnu Orquestra. Sobram sofisticação e competência nos cinco temas do EP.


O melhor exemplo é “Recomeço”, que viaja pelo jazz rock de maneira de maneira sublime, com solos vigorosos e o apoio de uma melodia bela e cativante.


“Lara” e “Tropical Mood” exaltam uma brasilidade que foge do lugar comum de inspiração bossanovista: são sons resplandecentes, intensos e que emanam brilho. São quase fulgurantes, que extrapolam os limites dos gêneros musicais.


“Francisca”, por sua vez, exala uma delicadeza que remete imediatamente a um tema como “Riviera Paradise”, de Stevie Ray Vaughan. É intimista, como a canção pede – uma homenagem à mãe de Tony -, com uma forte carga emocional.


O trabalho atual de Tony Babalu é um bálsamo em tempos tristes de isolamento e pandemia. Embala um sentimento de pertencimento e perseverança que espantam pensamentos negativos e mostram novos caminhos. Como bem diz outro extraordinário guitarrista, o brasileiro Edu Gomes, é o típico som que cura, ou que ajuda a curar.

Rodrigo Nassif Trio (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O gaúcho Rodrigo Nassif, com seu trio, segue pela mesma trilha. “Estrada Nova” é o seu trabalho mais recente e faz um som jazzístico mais tradicional com um tempero bem característico dos pampas. Dá para escutar muitos sons do cone sul aqui e ali.


“Estrada Nova” é passeio nostálgico pela música brasileira também, com temas que valorizam a melodia e os fraseados curtos, mas intensos. 

Com Samuel Basso no baixo e Leandro Schirmer na bateria, o Rodrigo Nassif Trio estabelece um padrão elevado em temas como “O Cheiro de Pão”, “Brincando na Tempestade” e “Simplesmente Divino”.


Sem exibicionismo, a guitarra é  o destaque em “Estrada Nova” e “Passeio na Avenida”, canções muito bacanas que transmitem uma sensação gostosa de tranquilidade. 


Buscando na tradição instrumental brasileira um equilíbrio com o jazz, Nassif consegue soar inovador e diferente em temas saborosos e também intensos. Como Babalu, tem dedos que brilham e extraem algo sublime da guitarra.


Multi-instrumentista e compositor, Nassif já se apresentou em alguns dos melhores espaços de música instrumental de Nova York, Nova Jersey e Rio de Janeiro.