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M. Nictiann da Affront (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O som pesado da favela estremeceu o Rock in Rio e mostrou a fúria extrema do trio carioca Affront, ainda hoje o nome mais proeminente do heavy metal do Rio de Janeiro, apesar da ascensão de nomes como Hatefulmurder, Innocence Lost, Lâmmia e LAC (antiga Lacerated and Carbonized).entre outros nomes.

A vitoriosa participação do na edição do Rock in Rio 2022 está sendo celebrada com o lançamento de um videoclipe gravado durante a história apresentação no palco Favela. Pesadíssima, “Out of Control” provavelmente foi o auge de um show intenso e marcante para o metal carioca.

“Foi a vitória da persistência. Fiquei muito tempo insistindo com a TV Globo, que é a detentora das imagens dos shows transmitidos pelo canal Multishow e finalmente obtive a liberação das imagens”, conta o baixista e vocalista M. Mctian.

O clipe é uma espécie de retomada da banda após uma série de intempéries após a pandemia de covid-19, que culminou com a saída do baterista Rafael Lobato devido a problemas pessoais. “Estamos com o nosso terceiro álbum pronto á espera de um selo que possa lançá-lo. Enquanto isso continuamos procurando um baterista que tenha a pegada thrash metal que nos caracteriza.”

Figura importante do cenário do Rio de Janeiro, M. Mictian, também conhecido como Marcelo Mictian, teve uma grande virada na carreira quando abraçou o thrash metal ai criar o Affront. Para isso, teve de colocar em hibernação a banda Unearthly, que por muitos anos foi o principal nome do black metal brasileiro.

“Essa banda significou bastante para minha vida, representou o meu mergulho no metal extremo, mas percebi que a Unearthly estava esgotando as possibilidades”, comenta o músico. “Eu queria escrever músicas sobre outros temas, e não só sobre religião ou contra elas. Como as relações entre os integrantes não estavam boas, não pensei duas vezes em trocar de banda e de conceitos.”

O som da banda Affront é poderoso. Estremece ambientes e toca em feridas com uma contundência rara no rock atual. Politizado e bem informado, Mictian formulou um conceito forte a ponto de transformar o seu som extremo em uma ideia. Para muitos isso pode assustar, mas o baixista  vocalista da Affront encara com naturalidade, tanto que tem consciência do que não só o som de sua banda é poderoso, mas também a sua mensa mensagem.

O que está surpreendendo muita gente ao escutar os dois álbuns já lançados – “Agony Voices” e World in Collapse” – é a presença de elementos da música regional, que realça a violência sonora do thrash praticado pelo Affront. Descendentes de nordestinos, Mictian ressalta a inserção desses elementos em sua música, motivo de orgulho e eque ele acredita ter conseguido explicitar no Espaço Favela, no Rick in Rio. 

“Vivendo no Brasil e nas comunidades cariocas não tem como ficar alheio a todos os sons”, explica Marcelo Mictian,. “A gente ouve muito a música brasileira na banda. Chico César, Alceu Valença, Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Fagner,, ritmos bem regionais,tudo isso nos influencia. Somos uma banda da favela da Maré, temos de misturar tudo isso.”

Além de batalhar pra lançar o terceiro álbum, a Affront mira a oportunidade de conseguir as autorizações para eventualmente lançar em vídeo e áudio a apresentação no Rock in Rio, algo que frequentemente é cobrado por fãs e seguidores da banda. Mictian acredita que é possível obter as autorizações, mas não será fácil. 

Enquanto isso, o poder de fogo do trio pode ser conferido ao vivo no mais recente clipe colocado no ar, diretamente do Espaço Favela, no Rock in Rio 2022.