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Não sei se é a maior, mas certamente é a mais emocionante e sensível homenagem ao rock e a sua importância em nossas vidas. Foi assim que o ator (e bom guitarrista nas horas vagas) Jack Black classificou o filme “School of Rock” quando da reunião do elenco da fita, a qual protagonizou, dez anos depois do lançamento, em 2013. 

O vídeo em que e os atores fazem pedindo aos responsáveis pelo legado do Led Zeppelin para liberar o uso de canções no filme é uma das coisas mais bonitas e impactantes para roqueiros empedernidos e que um dia sonharam em estar em um grande palco. Quem imaginaria tamanho impacto há 20 anos, quando a fita chegou às telas?

“School of Rock” é um bom filme porque sua influência perdura até hoje. É assunto corriqueiro pelas lembranças que evoca e pela boa trilha sonora, que é marcante, assim como as atuações dos atores, principalmente das então crianças musicistas. 

Tratou da rebeldia roqueira e da paixão pela arte com tamanha leveza que, em determinados momento. nos leva de volta à adolescência e evidencia que a vida sem o rock and roll seria um imenso erro. A sequência final da batalha das bandas é matadora e a redenção de quem gosta de boa música e de bom filme leve. 

Dá para contar nos dedos o filme que vira seriado e uma franquia de escolas de verdade, que ensinam música, arte e comportamento. Só no Brasil são 60 unidades inauguradas desde 2013, estimulando ainda o surgimento de concorrentes com a mesma pegada. Deu origens a musicais, seriados de TV e outros produtos. Uma das atrizes mirins, Miranda Cosgrove (que interpreta Sumer Hath, a “empresária” da banda) virou estrela de primeira grandeza da TV americana com o seriado “iCarly”.

Se o rock está em baixa nas paradas de sucessos e no gosto da maioria dos jovens da atualidade, esqueceram de dizer isso para os milhares que se acotovelam nas franquias brasileiras e norte-americanas da School of Rock.

Fernando Quesada, baixista que tocou em bandas como Shaman, Noturnall e Armored Dawn, atualmente é sócio no Brasil da franquia School of Rock e diretor de marketing da cadeia e atesta o sucesso da marca no Brasil.

Em recente entrevista ao Combate Rock, ele comentou que o número de escolas cresce em todo o Brasil e que tanto o rock como a marca em si se tornaram referências de qualidade em ensino musical e de protagonismo dentro do mercado artístico.

“É impressionante a dimensão que a marca atingiu a partir de um filme de Hollywood”, disse Quesada. “É muito mais do que atestar o poder da arte: é a constatação de como o rock é algo indissociável da cultura contemporânea e como a música impacta em nossas vidas.’

O filme teve a direção correta e sem exageros de Richard Liklater, que respeitou bastante o roteiro de Mike White, que também atuou no filme (era o professor amigo do personagem de Jack Black que teve a ‘vaga’ na escola usurpada).

Comédia de nonsense com certo ar dramático, a fita se alicerçou na experiência dos atores principais, Jack Black e a ótima Joan Cusack (a diretora da escola) para narrar a aventura maluca de um guitarrista fracassado e demitido de ua banda de se passar por um professor substituto em uma vaga temporária em uma escola de ensino fundamental – posto destinado ao amigo com quem morava de favor.

Ele só queria levantar uma grana fácil, mas viu uma aula de música durante o expediente e percebeu os talentos dos garotos. Decide então que a garotada seria a ua banda de apoio e passa a “ensinar” rock em vez de matemática.

Com argumento bobinho e condução leve, do tipo “Sessão da Tarde”, da TV Globo, foi um sucesso grande em todo o mundo, transformando Jack Black em cobiçado astro versátil para várias categorias de filmes. Também ajudou em sua carreira musical paralela, já que sua banda, o Tenacious D, passou a frequentar diversos festivais americanos de verão e a fazer curtas turnês pelos Estados Unidos.

Delicada e com altíssimo astral, “School of Rock” é sim uma bela homenagem ao rock, resgatando a beleza das pequenas descobertas dos prazeres da vida no período difícil da “terra devastada da adolescência”, como bem definiu Pete Townshend na letra do megaclássico “Won’t Get Fooled Again”, de The Who.