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Neil Young merece os maiores elogios pela campanha contra o negacionismo e as fake news (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A plataforma Spotify declarou guerra à civilização e ao mundo inteligente ao aceitar o apelo de Neil Young e retirar todas as músicas do guitarrista canadense. Fez a opção por manter no ar um podcast de um imbecil negacionista que milita contra a vacina.

O que resta ao mundo civilizado fazer? Boicotar esta plataforma estapafúrdia e asquerosa. É o que faremos neste Combate Rock, fazendo de tudo para não divulgar a marca e os links hospedados lá. Nem sempre será possível, por uma série de razões, mas o faremos assim que der.

O cantor resolvei investir contra um episódio de um podcast de Joe Regam que atacava as vacinas e a obrigação de passaporte vacinal em muitos lugares – acusou o programa de espalhar desinformação sobre a Covid.

Young, que sobreviveu à pólio quando criança, publicou brevemente uma carta em seu site endereçada ao seu empresário e sua gravadora, Warner Music Group, exigindo que o Spotify não disponibilizasse mais suas músicas. A carta foi posteriormente apagada.

Em uma segunda publicação, o cantor afirmou que a plataforma “se tornou o lar de desinformação que coloca vidas em risco” e que tem “mentiras vendidas por dinheiro”.

Somente nesta quarta-feira (26) a plataforma se manifestou tentando defender o indefensável. Informou que “removeu mais de 20 mil episódios relacionados à covid-19desde o começo da pandemia, mas que busca equilibrar a segurança dos ouvintes com a liberdade para criadores”. Ou seja, defendeu o direito de um imbecil de ter a “liberdade de espalhar notícias falsas e espalhar desinformação” (grifo nosso).

“Sentimos muito pela decisão de Neil em remover sua música do Spotify, mas esperamos recebê-lo de volta em breve”, escreveram os responsáveis pela plataforma nas redes sociais, de forma irônica e nojenta.

Em várias postagens em apoio a Young nas redes sociais, uma se destacou ao dizer que a plataforma se “sente onipresente e dominadora em todo mundo, acreditando que mesmo um gigante como Neil Young não é capaz de afetar o negócio ou de atrair simpatia o suficiente para que um boicote generalizado seja organizado”.

Difícil não concordar. Afinal, cerca de “90% dos músicos” reclamam da péssima remuneração que as plataformas digitais proporcionam, mas reconhecem que hoje são elas que disseminam as músicas de forma a criar alguma esperança de alavancar outros negócios, numa tentativa de compensar o pagamento ridículo.

Diante de tal cenário, soa apenas simbólico, mas não menos contundente, que um astro de classic rock se insurja contra o comportamento asqueroso do Spotify.

A opção por Joe Regan é bastante “compreensível”:  “The Joe Rogan Experience” é o podcast mais popular do Spotify, que tem direitos exclusivos do programa. Investiu milhões de dólares no programa e, por isso, não estão nem aí com a repercussão ou com o protesto de Neil Young e quem quer que seja. É só um negócio, não é?

Não, não é. Ainda tem bastante gente que se importa com esse tipo de coisa, mesmo que seja uma minoria. A plataforma não está nem aí e escolheu o seu investimento, mesmo que bárbaro e contrário à civilização. Parece que não está preocupada com a fama de negacionista e antivacina.

A contenda chegou aos órgãos reguladores de mídia e de saúde dos Estados Unidos. Ainda que haja chances remotas de qualquer punição, elas não estão descartadas, assim como eventuais processos milionários de instituições de direitos humanos e de incentivo à ciência e ao desenvolvimento da saúde.

Antes da manifestação de Young, de acordo com o site G1 e agências internacionais, cientistas, professores e especialistas em saúde pública fizeram em um pedido para que a plataforma retirasse do ar um episódio do podcast de Roga, em que o apresentador apresentador conversava com imunologista que, segundo o grupo, divulgava “diversas mentiras sobre vacinas contra a covid”.

A manutenção de tais programas no ar, bem como o apoio financeiro e moral ao podcast, são uma vergonha mundial digna das piores baixarias perpetradas pelo bolsonarismo nojento. É mais do que necessária uma campanha de boicote ao Spotify.