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Almir Sater (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Depois de mais um vexame internacional protagonizado pelo nefasto e lamentável presidente da República – destilando ignorância a 40 embaixadores sobre o sistema eleitoral brasileiro -, eis que uma crítica indireta a todo o “sistema” veio de onde menos se esperava.

O violeiro e cantor Almir Sater, que atuou na romeira versão da novela “Pantanal”, em 1989, e faz pontas na versão atual, compôs uma música, que está na trilha da novela e estará em seu próximo CD de músicas inéditas, com críticas ao agronegócio, que apoia o destrutivo governo Bolsonaro.

“Peabirú” é uma parceria dele com Paulinho Simões e tem como tema os excessos do agronegócio desenfreado e é um libelo da defesa do meio ambiente.

“Eu sou produtor de bois e empresário do agronegócio. Tenho noção do que representa a atividade e sei o que significa a depredação do meio ambiente”, disse o músico em entrevista ao programa “CBN São Paulo”. “Tudo o que ocorre em excesso não é bom, ainda mais quando se destrói a natureza. Para mim, é uma crítica construtiva. O agro não é só boi ou só soja, só produção. Preservar a natureza, que é a origem do agro, é fundamental.”

Sater ainda é um dos nomes mais importantes da chamada música brasileira de raiz, a sertaneja ou de matiz folk. Pode ser considerado o responsável pela popularização da moda de viola a partir dos anos 90, principalmente por causa da trilha sonora de “Pantanal”, a primeira versão.

“Minha vida mudou depois de minha participação naquela novela. A música de raiz se popularizou e passei a tocar em, lugares maiores. O interesse aumentou muito”, afirmou Sater à CBN.

Em um momento crucial da sociedade brasileira, que pode se livrar dos descaminhos fascistas do bolsonarismo nas próximas eleições, cresce a pressão dentro do meio cultural contra a “continuidade” do desgoverno.

A cantora pop, por mais questionável que seja seu trabalho, teve a coragem de se posicionar contra o lastimável governo e anunciar apoio e voto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os Titãs, críticos discretos do bolsonarismo, lançaram a canção “Caos”, forte tema contra a “desordem institucional”.

É saudável que haja vozes discordantes diante d universo “sertanejo”, ainda que Almir Sater não faça parte, diretamente, do que se convencionou chamar de “mundo sertanejo” endinheirado impulsionado pelo agronegócio – profundamente conservador e asquerosamente bolsonarista.

Sater é uma voz ponderada, inteligente e progressista (dependendo do ponto de vista. É amante da natureza e ativista ecológico pela preservação dos vários biomas nacionais. Sua música crítica é um oásis de sensibilidade e inteligência em um ambiente corrompido pelo dinheiro e pelo retrocesso fascista em que vivemos.