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 A Virada Cultural Paulistana 2022 já é um fracasso e será um fracasso porque subverteu dois pilares de sua criação: a ocupação criativa do centro da cidade, que é morto à noite, e a ojeriza à separação em “estamentos”, ou seja, exilando as manifestações culturais em bairros mais afastados. 

A grande sacada da Virada sempre foi a integração e a possibilidade de oferecer cultua fácil, boa, em grande quantidade e om acesso fácil. Ou seja, era possível conhecer o diferente e o inusitado andando alguns quarteirões. 

Era fantástico pode assistir a um show raro de Mark Farner, ex-guitarrista e vocalista do Grand Funk Railroad, na avenida São João, e correr em seguida para o Largo do Arouche e se divertir com as atrações musicais bregas, como Sidney Magal.

Ou então andar depressa e pegar as melhores atrações do palco do rap e do hop hop na avenida Duque de Caxias, ou encarar uma peça de teatro no Sesc Consolação ou um evento de música erudita no Teatro Municipal.

A secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Nunes, tenta fazer coro à “mudança benigna” implantada pelo lamentável prefeito Ricardo Nunes (MDB), que não tem apreço pela cultura, pelas artes e pelo entretenimento, da mesma forma que seus antecessores do PSDB – Bruno Covas e João Doria.

É falacioso que agora a Virada foi “descentralizada e levada à periferia e aos bairros mais distantes”. Sempre houve atrações de todos os tipos em toda a cidade, não equipamentos culturais dos bairros mais afastados. 

A questão é que as principais atrações musicais, ao menos, sempre foram espalhadas no centro da cidade por uma questão de praticidade e de facilidade de acesso por transporte público, já que todos os ramais de metrô e dos trens da CPTM (Companha Paulista de Trens Metropolitanos) convergem para a área central – e funcionavam a madrugada inteira. Esse era o grande barato do evento.

Com a absurda e deplorável “descentralização” da atual Virada, destruiu-se uma ideia interessante e oficializou a divisão da cultura em estamentos. O pessoal do rock foi confinado no Butantã e no Jardim Peri Peri. Não terá como ir para o palco do rap na zona sul ou no do funk de tipo carioca na zona leste.

Virada Cultural? Esqueçam, todos os eventos terminarão às 22h ou 23h. Não haverá transporte público de madrugada. As alegações de segurança não se sustentam, já que a Cracolândia sempre existiu na região central e nunca foi entrave para a realização do evento;

A gestão lamentável de inspiração tucana do prefeito Ricardo Nunes depredou aquele que era o evento cultural mais esperado do ano em São Paulo, mesmo depois do retumbante fracasso da ideia de João Doria de confinar as atrações musicais e de outras áreas em locais fechados, como o Complexo do Anhembi e o autódromo de Interlagos.

O atual prefeito vai conseguir tornar a edição de 2022 a pior de todos os tempos – para os roqueiros, já é antes que comece. É uma Virada sem virada e sem integração entre as várias culturas. Será mesmo que essas pessoas que estão na Prefeitura de São Paulo e em sua área da cultura acharam que tudo isso poderia dar certo?