Escolha uma Página

Ritchie (FOTO: GAL OPPIDO/DIVULGAÇÃO)

A menina se surpreende ao ver o programa de televisão. O cantor parece jovial apesar dos 71 anos de idade e canta co tamanha vontade que a garota custa a crer que aquele hit tem 40 anos de existência. “No Tik Tok as pessoas cantam com tamanha facilidade que achei que era recente.”

Era tudo o que Ritchie queria ouvir depois que ressurgiu de seus estúdios no Rio de Janeiro para uma turnê de imenso sucesso para comemorar os 40 anos de lançamento do álbum “voo de Coração” – e de seu maior hit, “Menina Veneno”;

“Ele é inglês? Mas ele fala como se você um carioca”, constata, abismada, a garota quase adolescente que curtiu demais a canção cantada no programa de auditório da TV Globo “Altas Horas”. 

Redescoberto por toda uma geração de jovens que está aprendendo a valorizar o passado, o cantor inglês saboreia o período de “celebridade” até mesmo na sua Inglaterra natal, onde estampou uma reportagem de página inteira no importante jornal “The Guardian”. Um rock estar britânico que é cultuado no Brasil cantando em português…

“Foi um momento único na cultua brasileira, que mudava rapidamente com os novos ares políticos e sociais”, disse o músico ao Combate Rock. “Tudo conspirou favoravelmente, a juventude começou a ser valorizada como público a ser observado e ouvido e muitos artistas talentosos surgiram; E a prova de que as músicas tinham qualidade é o interesse atual por essas canções.”

É verdade que onda de “revival ” dos anos 80,90 e 2000 está a pleno vapor, com bandas como Paralams do Sucesso, Ira! e Titãs, na versão “Encontro”, lotando estádios, assim como as bandas emo como NX Zero, Fresno e Forfun, mas a turnê de Ritchie é destaque dese o primeiro semestre do ano passado.

Requisitado e ovacionado novamente, o inglês decidiu desengavetar s planos de gravar novas músicas. sendo uma delas uma grande homenagem à amiga Rita Lee, que morreu aos 75 anos no fim de 2022.

“Ando Meio Desligado” é sucesso nos shows para homenagear Rita e vai ganhar versão caprichada de estúdio. Ele também gravou a a inédita “Saudade Sem Passagem”, uma parceria com Fausto Nilo. 
Ambas fazem parte da parceria de Ritchie com a gravadora Biscoito Fino. 

Se existe alguém que pode falar que um encontro fortuito mudou toda uma vida, Ritchie é essa  pessoa. ele lembra com carinho como um jovem aspirante a músico e amante das artes topou em Londres com um grupo de brasileiros doidos  e, meio sem saber  como, aceitou o convite de uma das meninas, a falante e alegre Rita Lee, para conhecer o Brasil.

“Rita foi a primeira brasileira que eu conheci em Londres, em 1972, quando ela apareceu no estúdio onde eu estava gravando flauta no disco de uma banda londrina. Ficamos amigos logo de cara, ajudei ela a escolher sua primeira flauta transversal e ela, por sua vez, me mostrou pela primeira vez, ‘Ando Meio Desligado’, um hit dos Mutantes”, relembra Ritchie.

“Arrisco acrescentar que, não fosse pelo encontro fortuito com Rita, eu talvez jamais teria pisado em solo brasileiro. Os Mutantes me hospedaram na casa deles na Serra da Cantareira, em São Paulo. Rita, Arnaldo e Sérgio me ajudaram a formar minha primeira banda brasileira, Scaladácida, naquele mesmo ano.”, diz o músico, que também ficou amigo de Liminha e a “Cilibrina” Lucinha Turnbull em Londres.

O Brasil se tornou a sua casa graças ao encontro com Rita. Antes de completar um ano de Brasil, e já praticamente casado com uma paulistana, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a viver o sonho da música ao mesmo tempo em que dava aulas de inglês.  

Junto com Lobão e Lulu Santos criou o Vímana, em 1975, que contou também com otecladista suíço Patrick Moraz, ex-Yes, casado com uma brasileira, mas o pojeto durou pouco e ele só foi encntrar o sucesso, mesmo nos anos 80, assim como Lulu.

A capa do single “Ando Meio Desligado”, que tem produção musical de Eron Guarnieri, Renato Galozzi e do próprio Ritchie, estampa uma foto do arquivo pessoal do compositor. “Essa foto foi feita no dia da nossa viagem ao País de Gales, em 1972, o mesmo em que Rita me convidou para conhecer o Brasil. Viva Rita Lee Jones! Sejamos Mutantes!”

Sobre a música inédita em parceria com Fausto Nilo, Ritchie diz que existem certas canções que ficam guardadas no fundo da gaveta, aguardando a hora certa de nascer: 

“Às vezes é uma gestação de anos. Às vezes é porque elas possuem linhas melódicas ou palavras ainda a serem desvendadas. ‘Saudade Sem Paisagem’ (Ela Jamais Virá) é uma dessas. A harmonia e melodia principal surgiram pela primeira vez na minha cabeça em 2009. A letra foi logo encomendada ao querido parceiro e poeta Fausto Nilo, mas o arranjo musical não ficou pronto a tempo para a gravação do meu DVD daquele mesmo.”

A turnê “A Vida Tem Dessas Coisas”, agora com música inédita no repertório, continua a percorrer o Brasil, com próximas apresentações no Rio, Morro da Urca no próximo dia 5, São Paulo, no dia 6, e Belo Horizonte dia 20.